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Decorre em Roma, de 5 a 25 de Outubro, o Sínodo sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja. O interesse e a envolvência que colocamos no Ano Paulino não pode alhear-nos deste acontecimento, pois São Paulo conduz-nos para a veneração, a escuta e a prática das Escrituras que, como ele afirma, são inspiradas por Deus e contribuem para o aperfeiçoamento do homem e para a prática de boas obras (Cf 2 Tim 3, 16-17). Como representantes dos bispos portugueses estarão em Roma Dom António Taipa e Dom Anacleto Oliveira, este último autor do guião “Um ano a caminhar com São Paulo”.
A realização do Sínodo motivou alguns países e dioceses a fazer um inquérito sobre o conhecimento e leitura da Bíblia por parte dos católicos. Os resultados foram muito pouco animadores tanto em Portugal como em Espanha, países de forte tradição católica mas, pelos dados recolhidos, com conhecimento muito escasso acerca desta fonte do cristianismo. Num ambiente cultural de descrença, de confusão e de desconfiança em relação ao cristianismo, é lamentável esta ignorância. De facto, num mundo desfavorável à fé cristã, os crentes precisam ainda mais de alimento espiritual e de convicções assentes no conhecimento das Sagradas Escrituras.
O Concílio Vaticano II, inaugurado a 11 de Outubro de 1962, trouxe algum progresso no interesse e na aproximação dos católicos à Bíblia. Promulgou a Constituição sobre a Divina Revelação (Dei Verbum), de grande riqueza e alcance prático, que tem inspirado e orientado a leitura meditada e orante da Bíblia. As leituras bíblicas da Liturgia adquiriram maior riqueza e variedade, as homilias ligaram-se mais aos textos bíblicos, desenvolveram-se os grupos bíblicos, cultivou-se e cultiva-se a lectio divina. Da mesma forma, a Bíblia tornou-se a principal fonte da catequese. No entanto, os fiéis, em geral, não adquiriram o gosto e o hábito da leitura pessoal da Palavra de Deus na Sagrada Escritura. Foi-lhes apresentada a fonte mas não ficam em contacto com ela para, depois, continuar a beber.
Bento XVI, no passado 12 de Setembro em Paris, numa lição memorável sobre a origem da cultura europeia, esclareceu como na génese desta se encontra a procura de Deus, ou seja, a procura da verdade sobre o mistério da vida e do homem. A procura de Deus conduz à cultura da palavra, ao aprofundamento da estrutura das línguas e da forma de expressão. Na realidade, a revelação bíblica é o caminho que Deus abriu para chegarmos até Ele. Por seu lado, a Palavra revelada introduz na oração e no canto da comunidade (“A Escritura necessita de interpretação e, portanto, precisa da comunidade onde se formou e é vivida. Nesta encontra a sua unidade e sentido” afirmou o Papa).
O conhecimento da Bíblia tem sido, portanto, uma base de primeira importância no desenvolvimento da cultura e da vida comunitária. Não é apenas um livro religioso. É um património cultural, oferece uma compreensão positiva da vida e da pessoa. Eleva o homem na cultura e nos valores morais que alicerçam o humanismo europeu. As figuras e acontecimentos bíblicos são símbolos fundamentais da vida humana que retratam e interpretam as situações existenciais de todos os tempos.
Estamos numa época propícia para promover a leitura e meditação da Bíblia. As pessoas estão cansadas de tanto palavreado oco, banal, vazio e enganador. A Palavra da Bíblia é a “Palavra da Verdade”, “Palavra de Vida Eterna”, que ilumina e alegra o coração, despertando a esperança e encaminhando para o amor.
Procuremos, portanto, que o Ano Paulino e este Sínodo nos motivem para um conhecimento mais profundo e um contacto mais assíduo com a Palavra de Deus, de modo que esta penetre na inteligência, no coração e na vida real dos católicos.
+ Manuel Pelino Domingues, Bispo de Santarém
Fonte da notícia: Agência Ecclesia
Etiquetas: Bíblia, Deus, Escrituras, estrada, Igreja, Palavra, Sínodo