Portugal promoveu um «choque tecnológico» para massificar o uso de computadores, em especial entre os estudantes, mas a Internet enquanto mundo de descoberta para os jovens poderá vir a replicar-se em aventuras nefastas.
«Hoje em dia poderíamos dizer que o Magalhães poderia levar a informação aos miúdos», mas «só que há o outro lado das coisas» e os «pais não sabem exactamente das possibilidades reais destas ferramentas, nem dos potenciais perigos», declarou à Lusa Teresa Pessoa, docente da Faculdade de Psicologia de Coimbra.
«Não passa pela cabeça dos pais o que eles andam a fazer»
Para esta investigadora, em domínios relacionados com os impactos das novas tecnologias na educação, o bom uso da Internet poderia assemelhar-se ao que antigamente as bibliotecas itinerantes da Fundação Gulbenkian faziam, que era levar os livros e a informação às crianças e jovens das aldeias.
No entanto, «o que os pais sabem das novas tecnologias? Não lhes passa pela cabeça o que eles andam a fazer. A ideia que tenho é a de que os pais acreditam que é algo de bom e sobretudo que coloca os miúdos sentados em casa sossegados e não andam nos cafés e nos perigos reais que eles conhecem», observa.
Por seu turno, Armanda Matos, igualmente da Faculdade de Psicologia e estudiosa das questões de educação para os media explica que é possível comparar a Internet a «uma grande cidade, um espaço virtual com perigos semelhantes aos do real» e onde «encontramos todo o género de pessoas».
Avanço tecnológico «caiu que nem uma bomba»
Se antigamente era normal aconselharem-se os pais a terem o posto de acesso à Internet numa sala ou noutro local onde pudessem observar o filho a navegar, hoje esse conceito está ultrapassado, porque o uso de portáteis faz com que simultaneamente «o pai esteja a aceder à Internet na sala, a mãe na cozinha e o filho no quarto».
«Os pais devem ter conhecimento do que os filhos fazem na Internet e depois sensibilizá-los. O problema é que os pais não fazem a mínima ideia do que andam a fazer e eles não lhes dizem», afirmou o inspector da Polícia Judiciária Camilo de Oliveira.
Para o investigador criminal, que tem vindo a realizar acções de sensibilização sobre os perigos da Internet, os pais pensam que controlam a situação, mas o avanço tecnológico foi tal que «caiu que nem uma bomba».
O perigo dos crimes sexuais
Muitos pais pensam que a Internet é importante para os estudos e limitam-se a pagar a conta no final do mês, observa. Na sua perspectiva, «o pior erro» que os pais podem cometer é procurar policiar. Devem aproximar-se dos filhos e perceber o que andam a fazer, e depois sensibilizá-los. Idêntica tese é defendida pelas psicólogas Armanda Matos e Teresa Pessoa.
Camilo de Oliveira sustenta que os pais também não estão sensibilizados para os tipos de crimes sexuais que podem ser cometidos no espaço cibernético, pois associam-nos apenas às modalidades clássicas.
«Em muitos dos crimes cometidos não há contacto entre o agressor e a vítima», afirma, frisando que a maioria consiste em práticas de devassa de intimidade, exibição ou aliciamento para o envio de fotos, que acabam por não ser denunciados, embora no limite até possam levar ao rapto e sequestro.
Fonte da notícia: IOL DiárioEtiquetas: Adolescentes, animação, aventuras, banda desenhada, bússola, Cartoon, choque tecnológico, computadores, crianças, Informática, Internet, jovens, navegação, Net, perigos, rede