Para ver a animação clique nesta imagem e aguarde uns segundos. To view the animation click on this image and wait a few seconds. A ilha Graciosa, a segunda mais pequena do arquipélago dos Açores, com todas as suas belezas paisagísticas e encantos naturais, é também sobremaneira uma das mais bonitas e belas da nossa região. É, por conseguinte, uma ilha fascinante que cativa e fascina igualmente todos os que a visitam. É o caso, por exemplo, do amigo Dr. Onésimo Almeida, um catedrático universitário que, ao visitar a Graciosa, ficou de tal forma encantado com ela que sempre que surge a oportunidade gosta imenso de cá vir para matar saudades. Apesar de não ter nascido cá, esta ilha é hoje, tanto para ele como para a esposa, o lugar predilecto para passarem as bem merecidas férias de verão.
Recebi na semana passada um email deste nosso amigo que me escreveu para dizer que não vinha cá este ano devido a uma agenda extremamente carregada. Além disso, nesse mesmo email ele conta que, estando recentemente com os amigos graciosenses, Ildeberto e Ondina Medina, no restaurante português "O Dinis" em (East Providence, Rhode Island, EUA) e, enquanto conversavam sobre a Graciosa, foi rabiscando num guardanapo de papel uns fabulosos versos de quatro rimas carregados de saudade por esta terra que ele tanto ama e que, aliás, tenho o grande prazer de os partilhar no Galeriacores com todos os nossos leitores.
Quem é o Dr. Onésimo Almeida?
Julgo que o Dr. Almeida é bem conhecido por todos os açorianos e realmente não precisa de grandes introduções. Ele que há uns anos atrás apresentava um programa na RTP Açores "À conversa com o Dr. Onésimo Teotónio Almeida" foi um programa de grande valor cultural que reuniu os grandes nomes dos pensadores e intelectuais mais conhecidos da nossa região.
Alguns dados biográficos:
O Prof. Dr. Onésimo Teotónio Almeida nasceu na ilha de São Miguel e vive actualmente nos Estados Unidos da América onde exerce a sua profissão de catedrático na Universidade Brown onde é também um dos seus mais ilustres directores. Para além disso, julgo saber que foi esta mesma universidade que atribuiu, há alguns anos atrás, o Doutor honoris causa ao Dr. Mário Soares, o Ex-Presidente da República Portuguesa.
Ficam aqui os versos do Dr. Almeida que ele intitulou de:
Toadas à Graciosa num guardanapo de papel
Graciosa doce e calma
Tão serena, graciosa.
Fico contigo na alma,
Que, longe, fica ciosa.
Ilha branca, tão maneira
Na Praia, em Santa Cruz,
Nas entranhas da Caldeira,
Na claridade da Luz.
Nas águas do Carapacho
Ou nas do Barro Vermelho
Fico tão jovem que acho
Que nunca mais serei velho.
Porto Afonso vermelho
Negro o ilhéu da Baleia
Serra das Fontes espelho
De verde e alma bem cheia.
Do Farol a vista é larga:
Terceira, S. Jorge e Pico
O Faial mais à ilharga
E eu varado me fico.
Dei-te a volta no teu seio,
Dei-te a volta pelo mar.
Fiquei preso no teu meio,
Já não sei senão voltar.
Quem não sabe como és,
Não entende este cantar,
Este sentar-me a teus pés,
Este sentir-me ficar.
Quem só no mapa te viu
E nunca em ti se quedou,
Não devia dar um pio,
E, se falar, que falou?
O teu silêncio é brando
Azul suave, mas fundo.
Tem essa paz que eu ando
Em vão buscando no mundo.
Cantar-te assim soa a falso
Eu sei, mas culpa não tens.
Estas rimas que eu te faço
É que não valem vinténs.
Porque se eu fosse capaz
De cantar-te como és,
Vinha todo o mundo atrás,
Ter contigo a sete pés.
Deixa-te só, não faz mal.
Sorri p'ra dentro e goza
Essa paz porque afinal
Quem tem graça é graciosa.
Por isso o bom é calar,
Manter p'ra nós o segredo.
Deixar o mundo pensar
Que estar em ti é degredo.
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