Chefes de Governo de Portugal e Espanha falam numa relação muito positiva
Existe uma empatia que se sente à distância entre os dois Josés, Sócrates e Zapatero. A Conferência Ibérica, que se realizou em Braga, serviu precisamente para sublinhar esse aspecto, agora embrulhado em forma de «cooperação», mas também de «amizade».
Durante a conferência de imprensa de encerramento do encontro entre os dois Governos, os líderes sorriram um para o outro, trocaram elogios e fizeram juras de amor. Até houve surpresas e votos de fidelidade. Uma relação cada vez mais sólida.
«Tenho muitos amigos na Europa, de todas as famílias políticas, mas o meu melhor amigo tem sido e é o primeiro-ministro espanhol. Para Portugal é importante o dinamismo da economia espanhola e vice-versa», disse José Sócrates, respondendo a uma pergunta que solicitava um comentário sobre uma eventual viragem de políticas espanholas para um lado mais conservador, caso Mariano Rajoy vença as eleições de Março.
Zapatero, surpreendido, apressou-se a reagir em agradecimento: «Não estava preparado, mas quero agradecer as amáveis palavras do primeiro-ministro e dizer que tenho uma sensação similar. Se há alguém com quem me entendi desde o primeiro dia, com quem tenho colaborado, é José Sócrates. Também tenho de agradecer a sua firmeza na colocação de Felipe González no gabinete de reflexão da União Europeia, o que é muito importante para nós. Penso que esta relação pode ser ainda mais intensa no futuro».
Sócrates na campanha espanhola
As eleições espanholas, que se realizam dentro de pouco tempo (a 9 de Março), dominaram parte da conferência de imprensa. Zapatero começou por dizer que não sabe se estará presente na inauguração do Laboratório de Nanotecnologia, em Braga, uma vez que este acto vai ser presidido pelo Rei Juan Carlos, mas foi um pouco mais longe, comentando a hipótese de José Sócrates poder participar na campanha que se avizinha.
«O presidente do Governo de Espanha não pedirá ao primeiro-ministro português para participar na campanha. Agradeço a simpatia, mas as campanhas são de âmbito interno», referiu Zapatero, enquanto Sócrates aproveitou para responder directamente: «Nenhum primeiro-ministro português interfere nas eleições em Espanha e vice-versa, mas eu sou socialista e toda a gente sabe quais são as minhas opiniões. Por isso, gostaria de participar na campanha, mas acho que o presidente não precisa de ajuda».
Os elogios não se ficaram por aqui, com o líder espanhol a responder na mesma moeda: «As nossas relações políticas são fraternais, de grande identificação. Quero dizer, que me sinto muito orgulhoso da presidência portuguesa da União Europeia, com duas notas de destaque para a conferência UE/África e a assinatura do Tratado de Lisboa. Estou orgulhoso por Portugal ter esta capacidade política na União Europeia e isso só nos obriga a intensificar o trabalho».
Fonte da notícia: Portugal Diário Etiquetas: amigos ibéricos, Cimeira, Sócrates, Zapatero