O presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, garantiu hoje que estará ao lado do povo madeirense no dia em que este decidir enveredar pelo caminho da independência.
Alberto João Jardim falava após uma audiência que manteve na Quinta Vigia com o líder do PSD/Açores, Costa Neves, durante a qual "passaram em revista a situação da autonomia" e falaram do "estado da relação entre as regiões autónomas e o Governo da República".
"Eu tenho remado contra essa maré e se hoje há autonomia e a questão da unidade nacional não está em cima da mesa foi porque muito me empenhei neste sentido, embora Lisboa não o reconheça", disse Jardim.
"Mas se o povo madeirense um dia quiser a independência, o meu lugar é ao lado do povo madeirense", declarou.
O líder madeirense salientou que em pleno "século XXI, vivemos num mundo completamente novo em que a democracia é um princípio sagrado para as pessoas".
"Nós madeirenses queremos continuar a ser portugueses. Não sou independentista e continuo a acreditar no princípio da unidade diferenciada", referiu.
Para Jardim, no caso do "povo madeirense querer um outro sistema autonómico, rejeitar este, e se Lisboa, não por razões fundamentadas mas por um simples autoritarismo discricionário e absurdo, não aceitar, é necessário saber o que vão fazer a seguir".
Por seu turno, Costa Neves disse estar de acordo que "o povo manda", acrescentando que as regiões autónomas "são portuguesas porque querem ser" e defendendo que a relação (autonomias-país) tem que ser construída por ambas as partes.
Instado a comentar o estado da alegada "união de facto" entre os governos madeirense e açoriano, Jardim considerou que neste momento "estamos perante um triângulo, em que os dois vértices da base são Costa Neves e Alberto João Jardim, porque interpretam que o povo quer".
"Depois, no vértice em cima, está Carlos César que não sabe se olha para baixo ou se segue o primeiro-ministro", aponta.
O líder madeirense considerou que o facto de Carlos César ter cancelado à última da hora o anúncio da sua recandidatura nos Açores e ter reunido com o secretário-geral do PS e primeiro-ministro, José Sócrates, poderá indicar "que não se entendem".
"Resta ver o que sai destas reuniões, qual é a digestão", mencionou com humor.
O líder madeirense sustentou que é necessário saber "o que é que o PS quer das autonomias".
"Porque andamos todos a ser enganados, visto que a Madeira e os Açores querem uma descentalização e andam sujeitos a gente que é contra. Irá o PS/Açores entrar em rebelião com a casa-mãe", questionou.
João Jardim declarou o seu apoio a Costa Neves nas eleições açorianas, sustentando que aquele arquipélago "merece dar o salto que a Madeira deu e ainda não conseguiu porque a economia é no sentido subsidiário, de compra de votos e assim não se vai a lado nenhum".
Considerou que o "povo açoriano já está a perceber que está a ser enganado nos tostões e não dá o salto em frente".
Quanto a Costa Neves afirmou que a união dos líderes sociais democratas insulares na defesa "indispensável" da revisão constitucional e criticou a lei "anti-autonomista" das Finanças das Regiões Autónomas.
O líder do PSD/Açores considerou ainda que no relacionamento entre os Açores e Lisboa se verificam situações oscilando entre o "abandono, a indiferença e a hostilidade".
Fonte da notícia: Sapo Notícias Lusa
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