É uma cimeira que deveria ter acontecido em 2007, mas devido à presidência portuguesa da União Europeia acabou por ser adiada para os primeiros dias de 2008. O local é tão simbólico como representativo das ambições nacionais: o Mosteiro de São Martinho de Tibães, a cerca de seis quilómetros do centro de Braga.
Trata-se de um local único, não só pela beleza e peso histórico, mas também pela facilidade de uma estrutura de segurança, sabendo-se que estarão representados na reunião luso-espanhola os principais dirigentes políticos dos dois países, com destaque para os líderes dos dois governos, José Luís Zapatero e José Sócrates.
Inicialmente chegou a ser apontado o Theatro Circo como local ideal, mas Tibães viria a conquistar as duas partes, nomeadamente os espanhóis, agora que o Mosteiro se apresenta praticamente recuperado, depois de décadas de abandono, podendo oferecer onze salas com totais condições. As questões de segurança foram particularmente revistadas por agentes espanhóis, que passaram vários dias no local para se assegurarem que não havia falhas. Em todo o caso, a organização esteve a cargo dos serviços de segurança portugueses.
Um pormenor que atenta a segurança do local é o facto de oferecer a facilidade de aterragem de helicópteros. Será assim que Zapatero chegará ao local, vindo de Vigo. Outras restrições, nomeadamente ao nível dos acessos, afastarão do local eventuais curiosos ou manifestantes.
GNR, PSP, Serviços de Estrangeiros e Fronteiras, Polícia Judiciária, SIS, Guardiã Civil, serviços secretos e segurança pessoal espanhóis terão uma representação forte na máquina de segurança organizada para o evento. Estima-se que estejam no terreno cerca de 500 pessoas, embora não exclusivamente nos 40 hectares que circundam o Mosteiro.
«Inundados» de história
Tibães tem uma enorme representatividade histórica e talvez a Cimeira sirva precisamente para lhe dar um brilho que andou esbatido durante décadas. O primitivo Mosteiro terá tido origem no começo da cristianização da zona, nos séculos VI ou VII, mas foi com os monges beneditinos, nos séculos XVI e XVII, que atingiu o seu máximo esplendor, até que, com a extinção das ordens religiosas masculinas, em 1834, foi vendido em hasta pública. Ficou nas mãos de privados até 1986 e, apesar de ter sido considerado imóvel de interesse público, caiu em ruína e foi votado ao esquecimento.
O Estado resolveu intervir, pelo que o ex-Instituto Português do Património Arqueológico investiu 13,5 milhões de euros na sua recuperação. A segunda fase já arrancou e tem um prazo de execução de 720 dias, procurando envolver trabalhos de restauro, intervenção nas paredes, pavimentos e tectos em pedra, bem como a construção de uma estrutura de betão armado e uma outra metálica e mista no edifício actual. O que será mais difícil de recuperar é o espólio perdido, que tem vindo a ser readquirido aos poucos.
Uma jóia portuguesa que será apreciada durante dois dias na 23ª Cimeira Ibérica.
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