O prelado pede à comunidade portuguesa no estrangeiro que “conserve um grande amor à sua terra, à família e à pátria, apesar de desiludidos com a crise que afeta o país, e procurem assumir as suas responsabilidades, sendo bons cidadãos, bons trabalhadores, sem esquecer as pessoas que deixam em Portugal”.
Segundo dados divulgados esta terça-feira pelo INE, a atual crise económica levou mais de 23 mil portugueses a emigrar no ano passado, o que representa um aumento de 41%.
D. António Vitalino considera que “a maioria imigra por motivos de ordem económica, estão desempregados ou em subemprego, alguns por motivo de estudos, por melhores ofertas, sobretudo aquelas pessoas que se dedicam à investigação”.
“Há ainda que contar com aqueles que emigram sem se inscreverem nos consulados, o que faz com que o número possa ainda ser maior” aponta o presidente da CEMH.
As missões católicas, para além de prestarem apoio pastoral e sociocaritativo, funcionam como um ponto de informações e contactos, ajudando no reagrupamento familiar dos imigrantes, na procura de casa e na educação e catequização das crianças.
“Só em Genebra”, revela o prelado, “a catequese da missão católica é frequentada por mais de 2 mil crianças e dificilmente cá em Portugal encontramos uma paróquia com essa dimensão”.
Para D. António Vitalino, que viveu 10 anos na Alemanha, a dimensão religiosa tem um papel fundamental na integração social dos imigrantes, que “não se podem fechar num gueto”.
“Constato que aqueles que procuram viver a sua fé têm normalmente menos problemas, sentem-se mais seguros, mais identificados e conseguem construir mais rapidamente comunidade, quer com os seus compatriotas quer com aqueles que os acolhem” sublinha.
O presidente da CEMH desafia os imigrantes a fomentarem o “diálogo com as outras línguas”, mantendo sempre a sua identidade e cultura.
Na sua mensagem para o 10 de junho, o presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, apelou a todos os portugueses da diáspora para que apoiem Portugal, sublinhando que “todos” não são demais para ajudar o país a superar a situação difícil que atravessa.
“Aquele que emigrou era, por natureza, um inconformista. Aspirava a mudar de vida, não se resignou. É esta nota de inconformismo e ambição que importa sublinhar como exemplo”, sustentou.
Cavaco Silva vai atribuir condecorações a 19 personalidades das comunidades portuguesas e a cidadãos estrangeiros, por ocasião do Dia de Portugal, entre os quais a irmã Maria dos Reis Gaio, missionária em Marrocos há 40 anos.