21st century dad
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Nunca, como hoje, os homens mostraram tanto o seu lado emocional. E ainda bem!
Habituámo-nos a ouvir dizer que o conceito de família está em crise. Alguns, os mais pessimistas, chegam a afirmar que as verdadeiras famílias deixaram de existir e agora só persistem fragmentos.
Os estudos do âmbito da sociologia mostram que esta ideia é completamente falsa e o que de facto se passa, é que a família se encontra em profunda mutação, mudança essa que tem que ser encarada de frente para que consigamos gerir a diferença, sem angústias desnecessárias.
Existem agora famílias de muitos tipos: monoparentais, reconstruídas, alargadas, de acolhimento, adoptivas, etc. A maior parte dos casais tem unicamente um filho, o que pressupõe que as crianças são muito planeadas e desejadas.
Por outro lado, apenas uma minoria, usufrui dos cuidados permanentes da mãe, já que as mulheres optaram por responder ao apelo de trabalhar fora de casa, o que as torna mais felizes do ponto de vista individual e não prejudica necessariamente a educação dos filhos.
Mudança de papéis
Neste contexto, também os papeis das figuras parentais, acabaram por sofrer profundas mudanças. Aquilo a que assistimos durante décadas deixou de ser uma realidade.
Essa realidade pode até chocar as gerações mais antigas, onde o homem e a mulher tinham papeis muito distintos dos que desempenham actualmente. Deixando de lado o caso dos pais solteiros, ou dos divorciados, podemos constatar que mesmo nos casais que se mantêm juntos, a vida familiar se tem vindo a alterar.
A imagem do pai deste século, é de um homem emocional e activo no que respeita às questões do lar. Vai buscar os filhos ao infantário e ajuda nas tarefas caseiras como aspirar a casa ou mesmo lavar a louça. É um homem interventivo, que gosta de partilhar tarefas e que as faz na perfeição.
É com agrado que se desloca às compras ao hipermercado, mesmo que para isso leve uma lista elaborada pela mulher. Não demonstra nenhum acanhamento em fazê-lo, porque encara essa atitude como algo perfeitamente natural.
A gravidez é vivida a dois
Muitos são os homens que fazem absoluta questão de estarem presentes nas consultas pré-parto e durante os exames complementares, como é o caso das ecografias.
A nível psicológico este facto é de extrema importância porque o envolvimento masculino no processo da gravidez, acaba por ser sempre um pouco mais vivido á distância, já que não existe possibilidade de uma vivência física.
Ao assistir às ecografias, o pai vive um momento único, que muitas vezes é descrito como a constatação prática de que o bebé é real, que algo muito querido vai crescendo no interior da mãe.
Um pouco mais tarde, são convidados a fazerem parte das aulas de preparação para o grande momento do nascimento. E, em regra, respondem de imediato à chamada. Aprendem a ajudar a mulher, a acalmá-la e a poderão constituir importantes pilares de apoio no momento do parto.
Contudo, esta questão ainda não é muito linear, porque a boa vontade só não conta. Outros factores como as regras do hospital e também a emoção do momento, podem condicionar a presença do pai na sala de parto. Nesse caso, é melhor desistir da ideia e deixar que os médicos e enfermeiras tratem do assunto.
O pós-parto
As coisas complicam-se nos primeiros dias, sobretudo quando se trata do primeiro filho. São os horários a cumprir, as tarefas rotineiras e, muitas vezes, um ser pequenino e frágil que reclama por tudo e por nada. É o momento do pai entrar em plena actividade!
Para mudar uma fralda não é preciso muita sabedoria, basta um pouco de jeito e, sobretudo muito amor e boa vontade. Aqui fazemos um parêntesis para nos dirigirmos directamente às mães.
Nós sabemos que nos ensinaram que o papel de mãe implicava mudar fralda, dar biberon ou peito , aconchegar .... mas os tempos mudaram, portanto há que haver adaptações. Se o homem está disposto a ajudar, há que o estimular nesse sentido e permitir a divisão de tarefas.
Deste modo a mulher consegue ficar com um pouco mais de tempo para si e as coisas correrão bastante melhor. Nenhuma mulher é capaz de ser boa mãe, mulher e profissional, ao mesmo tempo. Não é humanamente possível, nem devemos tentá-lo.
Por esse motivo, algumas desistem de serem mães e optam pela carreira, outras silenciam a ambição e vivem toda a vida a culpar a família, silenciosamente, por não terem tido coragem de mudar de vida.
Instinto paterno
Actualmente, quase a totalidade de especialistas em Ciências Humanas estão de acordo que o homem tem tantas competências como a mulher para cuidar de uma criança.
Precisa apenas que o deixem ajudar, sem que nós mulheres, nos sintamos ameaçadas no nosso papel de fêmeas. Ter mais duas mãos e dois braços é algo precioso em muitos momentos.
Além disso, também é a relação de casal que sai reforçada, porque aprendem a viver e a partilhar os momentos bons e maus na vida, no verdadeiro sentido das palavras.
O homem deste século é mais emotivo
As estatísticas mostram, que a maior parte dos homens morre devido a problemas cardíacos. Possivelmente devido ao facto de passarem uma vida inteira a negar os seus sentimentos de medo, angústia e até a esconderem a sua fragilidade emocional.
O síndroma do “homem não chora” tem custos internos muito grandes, que os homens deste século não estão com vontade de pagar. Assiste-se então a uma mudança social, que pode ser o início de uma alteração ao nível do comportamento masculino, para bem dos homens e também de nós mulheres. Cabe-nos a tarefa de estimular essa mudança.
Fonte: Família / Sapo
Etiquetas: crianças, Dia do pai, família, Pai