Burping and etiquette
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Arrotar, bocejar e espreguiçar são comportamentos saudáveis, mas mal vistos. Devem ser feitos com discrição
Arrotar, bocejar ou espreguiçar são benéficos para a saúde. E, quando se é criança, estas escapadelas de ruídos corporais são até seguidas de um gracejo. Mas, com o avançar da idade, os sons motivam momentos constrangedores.
«O arroto é a saída do ar do estômago, varia de pessoa para pessoa e tem muito que ver com o tipo de alimentos ingeridos», explica ao SOL o médico de clínica geral João Pedro Ribeiro. E acrescenta: «Como o ar só vai ocupar espaço, dilatando o estômago e provocando enfartamento, só há vantagens em arrotar». É até falta de educação não o fazer após as refeições, em algumas culturas, como a árabe.
Os bocejos de uns - que tantas vezes motivam os bocejos de outros - são mais difíceis de compreender. Este acto involuntário, associado a situações de cansaço ou aborrecimento, não tem uma explicação fisiológica imediata como o arroto. Contudo, uma teoria refere que o bocejo serve para inspirar mais oxigénio, ao libertar-se o excesso de dióxido de carbono do organismo.
O médico de clínica geral esclarece ainda que, em doenças do foro gastrointestinal ou psiquiátrico, a necessidade de arrotar ou bocejar «pode estar muito alterada».
Quanto à espreguiçadela que se efectua à secretária, Fernando Fonseca, da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia, chama-lhe «gestos de relaxamento».
O ortopedista aconselha as pessoas com funções muito repetitivas «a esticar os braços para relaxar e assim evitar estarem muito tempo na mesma posição». O especialista sugere que se rode o pescoço e que, a cada hora e meia, haja algum movimento: «A pessoa pode levantar-se da cadeira para ir buscar um copo de água, por exemplo».
Perdão ou desculpe
Os três comportamentos são saudáveis, mas provocam constrangimentos que a maioria das pessoas tenta disfarçar com um 'perdão'. A especialista de etiqueta e colunista do SOL, Assunção Cabral, considera que este 'perdão', quando «atirado como uma coisa natural, ou até como uma delicadeza, é como se fosse um arroto a escapar, involuntário e sonoro».
A colunista sugere antes um 'desculpe' discreto ou, «mais descaradamente, e em tom irónico, qualquer coisa do género: 'desculpem qualquer coisinha' ou 'desculpem lá o mau jeito'».
Há ainda outros comportamentos saudáveis, mas inestéticos, como a tosse ou os espirros, para os quais se pede uma mão: «Agora com a gripe A, os especialistas aconselham mesmo a manga na boca».
Assunção Cabral recorda ainda a frase de Bocage - «o pum que esta senhora deu, não foi ela, fui eu» - para justificar um comportamento ainda mais inconveniente, que precisa de um melhor disfarce do que o do verso.
Fonte: Sol