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José Sócrates referiu estar a enfrentar "uma campanha negra e com as técnicas habituais: as técnicas da deturpação e da insídia"
O primeiro-ministro manteve esta tarde a argumentação de que tem deitado mão para se defender das acusações de que tem sido alvo nos últimos dias. Numa comunicação ao país, José Sócrates reiterou o repúdio pelas "notícias difamatórias" que foram publicadas na imprensa desta quinta-feira, informações que considerou "selectivas" e com vista a prejudicá-lo a nível pessoal e político.
Já enfrentei outras campanhas negras com a mesma insídia, a mesma deturpação, com os mesmos poderes ocultos que colocam notícias em vários órgãos de comunicação social com o intuito de me ofender e diminuir", reagiu. "Isso não foi capaz de diminuir a minha autoridade e a capacidade que tenho para liderar um Governo", acrescentou.
Numa comunicação ao país a partir da residência oficial, em São Bento, José Sócrates comentou as notícias veiculadas pela imprensa esta quinta-feira e que dão conta do conteúdo da carta rogatória enviada pelas autoridades inglesas no âmbito das investigações a suspeitas de fraude fiscal da empresa Freeport.
O documento que chegou ao Departamento Central de Investigação e Acção Penal inclui o nome do primeiro-ministro numa lista de suspeitos de terem "solicitado, recebido ou facilitado pagamentos" para licenciar o outlet.
Após a divulgação destes dados pela revista "Visão", a Procuradoria-Geral da República veio já hoje garantir que a comunicação que partiu de Inglaterra "não contém nenhum facto juridicamente relevante".
José Sócrates, que optou por marcar uma conferência de imprensa para reagir ao conteúdo destas notícias, considera a Procuradoria-Geral da República como única autoridade competente para se pronunciar sobre a investigação e lembrou os "ataques" lançados durante a campanha eleitoral de 2005 para afirmar que já enfrentou "outras campanhas negras, com a mesma insídia".
Reiterando os argumentos com que se tem defendido das acusações ressuscitadas na última semana, Sócrates reportou-se aos factos da altura em que era ministro do Ambiente de António Guterres para voltar a garantir que o licenciamento do complexo comercial Freeport respeitou todas as normas em vigor e todas as exigências ambientais para uma Zona de Protecção Especial para a Conservação da Natureza.
Considerando estar a ser vítima de "uma campanha negra", que tem como "técnicas habituais" a deturpação e a insídia, José Sócrates disse ainda não conhecer Manuel Pedro, da Smith&Pedro, empresa promotora do outlet Freeport, para acrescentar já na fase de perguntas dos jornalistas que "não é desta forma que me vencem".
"Não me coloco na posição de suspeito", respondeu Sócrates após uma questão sobre a disponibilidade para mostrar as suas contas bancárias às autoridades.
O chefe do Governo indicou igualmente que o caso não foi ainda tema de discussão com o Presidente da República.
À pergunta se teria colocado a eventualidade de uma demissão, José Sócrates contornou esta questão para reafirmar: "Já enfrentei outras campanhas negras, com a mesma insídia".
A responsável máxima pela investigação, Cândida Almeida, confirma a existência do documento da polícia britânica e garante que será célere o processo a correr em Portugal.
Vitalino Canas considera que eventuais dúvidas foram "esbatidas"
"Em democracia não podem vencer aqueles que usam a arma da calúnia" José Sócrates
Questionado pelos jornalistas no Parlamento, o porta-voz do PS mostrou-se convicto de que José Sócrates deu hoje uma resposta firme às notícias que o envolvem no caso Freeport, fazendo ao mesmo tempo prova de que o Governo "está em condições de governar".
"Ficou claro que o Governo está em condições de governar o país nesta situação difícil. O primeiro-ministro tem feito o necessário", considerou o deputado e porta-voz dos socialistas.
"Se houvesse alguma dúvida", ela tinha sido "esbatida" pela comunicação do primeiro-ministro, defendeu ainda Vitalino Canas, com um elogio à "postura de firmeza" de José Sócrates em resposta às últimas notícias.
Aos jornalistas, Vitalino Canas disse ainda que considerava o comunicado emitido ao início da tarde pela Procuradoria-Geral da República.
Trata-se de "uma peça importante" porque "estava a criar-se um ambiente de que existia algo de novo", afirmou o deputado do PS, acrescentando que o comunicado contraria esse cenário.
Oposição não comenta
A direita parlamentar recusou comentar um assunto que porta-voz do CDS-PP considerou um assunto de Justiça.
O líder parlamentar do PSD, Paulo Rangel, e o porta-voz do CDS-PP, Pedro Mota Soares, recusaram hoje comentar as declarações do primeiro-ministro sobre o caso Freeport alegando que está em curso uma investigação judicial.
Paulo Rangel, líder parlamentar do PSD, escusou-se a fazer qualquer "comentário adicional" ao que afirmou ontem, quando garantiu a confiança institucional dos sociais-democratas no primeiro-ministro.
Da parte do CDS-PP, a recusa de reacção coube ao seu porta-voz. Pedro Mota Soares limitou-se a dizer "à Justiça o que é da Justiça, à Política o que é da Política".
Ala esquerda teme estratégia de vitimização
O lado esquerdo do Parlamento também foi económico em palavras, com o Bloco de Esquerda a escusar-se a comentar a comunicação do primeiro-ministro e o PCP a afastar condenações prévias ou a vitimização do Chefe do Governo.
"A Justiça deve averiguar o que há a averiguar", afirmou o deputado comunista António Filipe.
O Partido Ecologista "Os Verdes" fez eco do argumento do PCP, acusando José Sócrates de estar a "vitimizar-se" numa tentativa de ensaiar "a tese da cabala".
O deputado ecologista Francisco Madeira Lopes considerou por outro lado que "não há motivos para justificar uma queda do Governo, nem para haver consequências políticas".
Fonte da notícia:
RTPEtiquetas: cabala, cilada, DCIAP, deturpação, Freeport, insídia, investigação, José Sócrates, Primeiro Ministro