São dezenas de portuguesas que o atestam, e uma mão-cheia de actores de Hollywood que não se furtam a revelar e como estas experiências são «vivências transformadores». «O traço comum a todas estas experiências está na forma como a vida destas pessoas mudou radicalmente», explica Patrícia Costa Dias, um dos autores.
Questionada se sentiu dúvidas quando ouviu estes relatos, Patrícia Costa Dias é peremptória: «Não. Muitas destas pessoas experienciaram estes relatos em tenras idades, sem terem ouvido outras histórias. Além disso, e como no estudo publicado na «Lancet» - em que as pessoas foram entrevistadas após terem tido a experiência, dois e oito anos depois, nunca alterando o testemunho - também nós entrevistamos algumas pessoas mais do que uma vez e os seus relatos mantiveram-se inalterados».
Portugal não tem base de dados científica
O livro conta com a coordenação do professor Manuel Domingos, presidente da Sociedade Portuguesa de Neuropsicologia, e com o contributo do cardiologista holandês Pim van Lommel, para explicarem os pontos de vista e os limites da ciência, e darem a sua perspectiva científica sobre o fenómeno.
O holandês foi entrevistado para o livro e acedeu à tradução do seu artigo científico, que inclui um estudo com 344 pacientes que foram reanimados com sucesso depois de uma paragem cardíaca em dez hospitais.
Sobre quando será possível fazer um estudo como o publicado na «Lancet» em Portugal, a autora fala no mínimo de cinco anos, mas sem optimismos atira a data mais para a frente: «Uma década. Não existe uma base de dados científica nos hospitais, ou num organismo central, o que torna muito difícil o estudo».
No prefácio, o professor de psiquiatria e de ciências da Consciência da Faculdade de Medicina de Lisboa, Mário Simões, refere aliás a esperança de que o livro possa «contribuir para que, num futuro próximo, possa ser criada uma base de dados sistematizada com todos os elementos (...) necessários a uma abordagem rigorosa e que sirva de referência para futuras investigações».
Também o professor Nuno Grande, professor da Universidade do Porto e figura emblemática do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, teve oportunidade de acompanhar, enquanto médico, quatro pessoas que passaram por EQMs.
No livro explica como um paciente, em coma, ouviu o que ele disse e menciona a importância da fundação BIAL, a que Nuno Grande está ligado, e que atribuiu um prémio, partindo do convencimento «que há alguma coisa para lá da morte que deixa marcas na vivência de todos nós, naqueles que continuam vivos».
A experiência também marcou uma das autoras. Patrícia Costa Dias revela que despiu todos os preconceitos e «cresceu». «Se tivesse que resumir a obra a uma palavra falaria de crescimento. Aprendi, evolui e cresci com este trabalho».
Fonte da notícia: IOL DiárioEtiquetas: EQM, espiritual, estudo, Experiências, hospitais, Lancet, livro, medicina, Médicos, metafísica, oculto, parapsicologia, Patrícia Costa Dias, quase-morte