O pintor Robert Rauschenberg

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O pintor americano Robert Rauschenberg morreu ontem à noite na Florida, confirmou o seu galerista Pace Wildenstein.

O artista polifacetado, destacou-se na pintura, fotografia, coreografia, design, e, anos mais tarde, também na música, como compositor. Rauschenberg desafiou a ideia tradicional de um artista a trabalhar num só meio ou num só estilo.

A última exposição de Rauschenberg realizou-se no museu de arte contemporânea de Serralves ("Robert Rauschenberg: Viagem- 70-76"), no Porto, considerada pela imprensa a melhor do ano. Durante a conferência de imprensa de hoje à tarde para a apresentação do programa “Serralves em festa”, João Fernandes, o director do museu, afirmou ter sido muito significativo “receber a notícia da morte do artista, no momento em que se divulga um acontecimento que celebra a arte e a cultura no nosso tempo", o que serve de "homenagem ao artista".

Nas declarações ao PÚBLICO, João Fernandes descreveu Rauschenberg como um "daqueles artistas que decidiu abrir caminhos novos para a arte, fazendo o que ainda não tinha sido feito no seu tempo:aproximou a arte da vida e reinventou ambas". O director de Serralves salientou ainda a influência que o pintor teve sobre outros artistas das gerações seguintes e mencionou a grande generosidade de Rauschenberg: "Foi um dos artistas mais generosos do século XX. Não só porque fazia doações regulares a instituições de solidariedade social, de investiigação científica, mas também na relação que mantinha com os artistas e a sociedade. Nesse sentido, o facto de ele ter decidido, apesar de estar doente, deslocar-se em Outubro do ano passado ao Porto para a inauguração da sua exposição "Em viagem 70/76, num avião particular pago por ele próprio, foi também um grande acto de generosidade".

De ascendência alemã e cherokee, Robert Rauschenberg nasceu a 22 de Outubro de 1925 em Port Arthur, no Texas (EUA). A arte entrou na sua vida apenas em 1947, quando estava ao serviço da marinha americana. Começou por estudar pintura no Kansas City Art Institute, mas partiu de seguida para Paris (França), onde frequentou a Académie Julian. Aí conheceu a pintora Susan Weil, com quem se casou três anos depois e teve um filho, Christopher.

Entretanto, desiludido com a cena artística europeia, regressou aos Estados Unidos em 1948 e, acompanhado por Weil, ingressou na Black Mountain College, na Carolina do Norte. Foi nesse momento que se cruzou pela primeira vez com o coreógrafo Merce Cunningham e o músico John Cage. Mas, como a vida pacata da Carolina do Norte não satisfazia as suas aspirações de pintor, Rauschenberg mudouse em 1949 para Nova Iorque e transformou a Art Students League no seu centro de aprendizagem.

Em 1952, separou-se de Weil e, seis anos depois, teve a sua primeira exposição a solo na Leo Castelli Gallery. A sua obra tinha evoluído para desenhos como Erased De Kooning (1953) e as célebres combines. Mais tarde, em 1962, as suas pinturas passaram a incorporar também fotografias. Essa produção, contemporânea de Andy Warhol, valeu-lhe o título de precursor da Pop Art. Entre as décadas de 70 e 90, Rauschenberg incluiu igualmente nas suas preocupações artísticas a litografia e outras técnicas de impressão. Em 1994, o museu Guggenheim organizou a sua maior exposição de sempre, com 400 obras. Era considerado um dos artistas mais caros do mundo e vivia na Florida.

Na linha de Marcel Duchamp, Kurt Schuwitters ou Joseph Cornell, Rauschenberg contribuiu para atenuar as fronteiras entre a pintura e a escultura, a pintura e a e a fotografia, fotografia e impressão, escultura e fotografia, escultura e dança, escultura e tecnologia, tecnologia e arte representativa, já para não mencionar a fronteira entre a arte e a vida.

Sendo um dos artistas mais reconhecidos do nosso tempo, a obra de Robert Rauschenberg desafiou gerações sucessivas de novos públicos ao longo do último meio século, tendo sido homenageado em importantes momentos de consagração mundial, desde a atribuição do Leão de Ouro na Bienal de Veneza de 1964 (foi o primeiro artista americano a receber esta distinção) até à importante exposição que reuniu recentemente, entre 2006 e 2007, as suas “combine paintings” em museus como o Metropolitan Museum of Art (Nova Iorque), o Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles, o Centro Georges Pompidou (Paris) e o Moderna Museet (Estocolmo).

Fonte da notícia: Público.pt

Nota Pessoal:

Na maioria dos casos é após a morte do artista que a sua obra é valorizada. Julgo que não será particularmente o caso deste pintor aqui em destaque até porque ele era bastante rico e julgo saber que dinheiro não lhe faltava. No entanto vale a pena sublinhar que grande parte dos famosos artistas do passado viviam na miséria e a pobreza obrigava-os a venderem os quadros por uma bagatela a fim de poderem sobreviver. Hoje são as pessoas ricas que fazem grandes fortunas à custa desses pobres desgraçados.