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A Justiça chinesa condenou hoje a três anos e meio de prisão o activista Hu Jia, um dos mais conhecidos defensores dos Direitos Humanos no país e uma voz incómoda para Pequim. Hu Jia foi condenado por "incitamento à subversão contra o poder estatal" num julgamento que durou apenas um dia.
As associações de Direitos Humanos criticam a atitude das autoridades chinesas, considerando que a condenação do activista de 34 anos, detido desde 27 de Dezembo, faz parte de uma campanha visando silenciar dissidentes nos meses que antecedem os Jogos Olímpicos de Pequim.
Um dos advogados de Hu Jia, Li Fangping, declarou à saída do tribunal que as provas contra o seu cliente "eram os artigos publicados dentro e fora da China e o facto de Hu ter dado entrevistas à imprensa estrangeira".
Perante um tribunal de Pequim, o activista considerou-se inocente, devendo agora decidir juntamente com os seus advogados se vai recorrer da sentença. Li Fangping, que disse não ter ainda tido "oportunidade de trocar ideias" com o seu cliente, considerou a condenação inaceitável, apesar de antes da leitura da sentença a defesa não descartar uma pena até cinco anos de prisão.
"Enquanto advogados, propomos que Hu Jia recorra desta sentença, mas essa decisão tem que ser tomada por ele e nós vamos aguardar a sua decisão", afirmou Li Fangping.
Hu Jia, que esteve em prisão domiciliária durante grande parte do ano passado, cerca de 200 dias passados no seu apartamento num bairro da capital, acabaria por ser detido e acusado de incitamento à subversão contra o Estado na sequência de duas entrevistas que concedeu a meios de comunicação estrangeiros.
União Europeia e Estados Unidos instam Pequim a libertar Hu Jia de imediato
A União Europeia já reagiu à notícia da condenação daquele que é um dos mais conhecidos activistas chineses dos Direitos Humanos exigindo a sua libertação imediata.
"Nós dissemos muito claramente antes do julgamento que ele nunca deveria sequer ter sido detido e que deveria ser libertado de imediato", sustentou William Fingleton, porta-voz da representação da UE na capital chinesa, para sublinhar que “as acusações de subversão contra o expressar pacífico de opiniões não estão de acordo com o Pacto Internacional das Nações Unidas sobre Direitos Civis e Políticos que o Governo chinês se comprometeu a respeitar".
De igual forma, a embaixada dos Estados Unidos em Pequim já emitiu um comunicado à imprensa, texto no qual revela a consternação dos representantes norte-americanos. A embaixada considera errada a prisão de Hu Jia e sugere a Pequim que melhore a forma como conduz a questão dos Direitos Humanos, agora que estamos a pouco mais de quatro meses da realização dos Jogos de Pequim, marcados entre 8 e 24 de Agosto.
"Estamos consternados com a sentença. Neste ano olímpico, incitamos a China a que aproveite a oportunidade para mostrar a sua melhor cara e dar passos para melhorar a forma como lida com os Direitos Humanos e liberdade religiosa", declarou a porta-voz da embaixada, Susan Stevenson.
Quem é Hu Jia
Activista chinês de 34 anos, há vários anos que Hu Jia é um dos mais dinâmicos defensores dos Direitos Humanos na China e igualmente uma das vozes mais críticas do regime de Pequim e do Partido Comunista Chinês. Destaca-se igualmente como activista na causa ambiental e na defesa dos direitos dos seropositivos.
Face ao trabalho desenvolvido em prol dos Direitos Humanos, em 2007 foi nomeado para o Prémio Sakarov, atribuído pelo Parlamento Europeu. Em conjunto com a sua mulher, Zeng Jinyan, foi também premiado pelos Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Hu Jia e a sua mulher estiveram em prisão domiciliária durante grande parte do ano de 2007.
Os RSF têm usado a perseguição política levada a cabo pelas autoridades de Pequim contra Hu Jia como argumento principal para apelar ao boicote aos Jogos de Verão. A Amnistia Internacional, igualmente envolvida nos apelos à libertação do activista, colocou uma nota sobre o caso no relatório publicado esta quarta-feira.
Primeiro-ministro Wen Jiabao nega campanha de repressão contra activistas
Há duas semanas foi conhecido o caso da condenação Yang Chunlin, outro crítico do regime. Chunlin, condenado a cinco anos de prisão com uma acusação semelhante àquela que leva agora à prisão de Hu Jia, foi detido depois de defender o slogan: "Nós queremos Direitos Humanos, não Jogos Olímpicos".
Debaixo de todos os holofotes, Pequim tem-se esforçado por demonstrar ao Ocidente que as acusações de repressão de que tem sido alvo são totalmente infundadas. Ainda durante o mês passado, o primeiro-ministro Wen Jiabao garantia não haver qualquer fundo de verdade nas acusações de que Pequim estaria a levar a cabo uma campanha de repressão contra os dissidentes do regime.
"Quanto aos críticos que afirmam que a China está a aumentar esforços para prender os dissidentes antes dos Jogos Olímpicos, penso que essas acusações são totalmente infundadas", afirmou o líder chinês para garantir aos jornalistas que "isso está fora de questão".
Fonte da notícia: RTP Público.pt
Nota Pessoal:
Hoje é absolutamente incompreensível que este tipo de coisas ainda exista e aconteça neste nosso mundo em que vivemos. Mentalidades retrógradas e insensíveis de alguns estados e países, desprovidas de valores cívicos e morais, como o caso da China e outros, denotam uma civilização pouco ou nada civilizada que, em vez de avançar no espaço e no tempo para atingir a sua perfeição, opta simplesmente por seguir o exemplo bárbaro da selva em que ganham os mais fortes. Os fracos, coitados, amedrontados pelo poder vil e brutal de alguns estados selváticos, não têm hipótese nenhuma de progredir nem de chegar a lado nenhum.
Etiquetas: China, condenação, direitos humanos, Hu Jia