O Gabinete Coordenador de Segurança (GCS) confirmou ontem que controladores de navegação aérea, em Santa Maria, nos Açores, interceptaram uma comunicação de rádio, dando conta de ameaças terroristas à Torre Eiffel, em Paris.
Segundo o secretário-geral do GCS, general Leonel Carvalho, adiantou ao JN, a comunicação foi interceptada por controladores aéreos civis portugueses, na ilha de Santa Maria, uma "comunicação terrestre" que envolveria um atentado terrorista contra a Torre Eiffel.
Leonel Carvalho declarou ter apenas conhecimento de "informações genéricas" do Instituto Nacional da Aviação Civil (INAC), e de que, na comunicação detectada, "nada ligava o atentado a aviões". Apenas revelava que o alvo seria o monumento parisiense e havia referências à colocação de um engenho explosivo por via terrestre.
O secretário-geral do GCS adiantou que a informação foi transmitida ao INAC, que dela deu conhecimento imediato à Polícia Judiciária (PJ) e ao Serviço de Informação e Segurança (SIS), a "secreta" portuguesa.
A PJ,tendo competências de prevenção e investigação do terrorismo e fazendo a ligação nacional com a Europol e a Interpol, comunicou às autoridades francesas a informação recolhida pelos controladores portugueses.
No entanto, segundo especialistas militares adiantaram ao JN, "é difícil saber a origem exacta da comunicação, tanto mais que foi recebida em ambiente marítmo, onde é fácil a propagação. As ondas podem ressaltar em vários obstáculos e isso dificulta a localização da origem".
Fontes policiais confirmaram ao JN a dificuldade em conhecer a origem, mas mesmo assim estão a enviar a pouca informação recolhida a congéneres internacionais, para tentar estabelecer um padrão. Mas não é descurada a sua importância "No terrorismo qualquer informação nunca pode ser ignorada". Tanto mais que que na mensagem havia referência à al-Qaeda.
O Gabinete de Comunicação da empresa Navegação Aérea de Portugal (NAV Portugal) - encarregada da gestão e do apoio à navegação aérea em todo o território nacional - disse ontem ao JN que, "sobre este assunto concreto, não faz quaisquer declarações".
A generalidade das edições digitais dos principais jornais e revistas franceses noticiavam ontem que a Direcção da Vigilância do Territóirio (DST) - um dos serviços secretos franceses - tenta identificar os autores da comunicação, interceptada na madrugada de anteontem, por controladores aéreos civis portugueses. A Imprensa francesa revela ainda que a referida comunicação - "vaga e confusa", segundo fonte policial francesa - foi interceptada numa emissão de rádio de ondas curtas.
A edição digital do vespertino francês, "Le Monde" revela que, na sequência da comunicação interceptada nos Açores, as autoridades francesas não reforçaram o dispositivo de segurança activado há vários meses em Paris. "Não é necessário, porque estamos em'Vigipirate' vermelho há vários meses. É o nível [de vigilância] mais elevado antes do alerta vermelho, que é activado quando há atentados", disse ao referido jornal uma fonte da Câmara de Paris (ver caixilho).
Fonte da notícia: Jornal de Notícias
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