Hugo Chávez voltou a reagir às palavras que o rei Juan Carlos lhe dirigiu na Cimeira Ibero-Americana - «Por que não te calas?» -, durante uma conversa com jornalistas transmitida pela televisão estatal venezuelana. «Tiveram de agarrar o rei, que ficou muito bravo, como um touro... eu não sou muito toureiro, mas olé!»
O presidente venezuelano disse ainda, numa clara crítica a Zapatero e à política espanhola, que deu conta que «é o rei que dirige a política externa de Espanha e não o presidente do Governo.
Chávez recordou ainda o golpe de estado em Abril de 2002, que o derrubou do poder durante vários dias. Durante a Cimeira, no Chile, disse que o presidente do governo espanhol na altura, José María Aznar, tinha preparado o golpe, e agora dirigiu-se directamente ao monarca: «Sabia do golpe de Estado contra o governo da Venezuela? Em 2002 o rei era o mesmo, mas o presidente do governo não».
Depois do incidente no Chile, Zapatero disse a Chávez que esperava que fosse «a última vez» que um governante actuava assim, tendo classificado a atitude do presidente venezuelano como «inapropriado e inaceitável».
No entanto, Chávez já respondeu duas vezes depois disso. A primeira vez, logo a seguir à Cimeira, quando assegurou que o Rei de Espanha «pode ser Rei, mas não me pode mandar calar». O Rei, acrescentou, «é tão chefe de estado como eu, com a diferença de que eu fui eleito. Fui eleitos três vezes, com 63% dos votos».
Também em Espanha as reacções surgem de vários quadrantes. Aznar, a quem Chávez chamou por duas vezes «fascista», o que motivou a indignação do rei espanhol, telefou a Zapatero e a Juan Carlos para agradecer terem defendido o seu nome. Mas do Partido Popular só chegaram críticas.
Primeiro pela voz do secretário de Comunicação, Gabriel Elgorriaga, que afirmou que o incidente foi consequência da «negligência e falta de capacidade de acção de Zapatero».
Seguiu-se depois a reacção do presidente do PP, Mariano Rajoy, que considera que tudo o que aconteceu é fruto das «amizades perigosas que o governo de José Luis Zapatero cultivou». Pede-lhe, por isso, que procure os seus aliados entre os governantes «ocidentais, liberais e democráticos».
Fonte da notícia: Portugal Diário
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