Esperava-se um duelo sem paralelo, depois de quase três anos de silêncio, só interrompido por um breve episódio parlamentar. Mas Sócrates e Santana «sintonizaram» no Canal Memória, e pouca história fizeram daí.
Longe de um «combate de wrestling», ou mesmo de um simples duelo ao pôr-do-sol, o primeiro-ministro apostou nas medidas para a saúde para «brilhar», durante a apresentação do Orçamento de Estado no Parlamento, com destaque para o cheque-dentista, a vacinação contra o cancro do colo do útero e os benefícios para as famílias com crianças pequenas. Sócrates garantiu ainda, no âmbito das políticas sociais, que o salário mínimo atingirá os 500 euros em 2011.
Logo no início do debate, e fugindo ao Orçamento de Estado, o primeiro-ministro criticou o «passado», protagonizado por Santana Lopes, e «atirou» antes mesmo de perguntar. O alvo foi o anterior Governo de Santana Lopes, agora sentado na primeira fila da bancada parlamentar do PSD. Na comparação, Sócrates mostrava sempre como a memória, ou a «má memória» do «passado», deixa o Executivo PS a ganhar. O primeiro-ministro atirou sem hesitar: «O senhor é o passado».
Na réplica, Santana afirmou: «E o senhor é o símbolo do Governo do pântano, que fugiu», numa alusão ao Executivo de António Guterres.
Medidas, propostas, ideias? Santana não trouxe nenhuma ao hemiciclo terça-feira. Ficaram guardados para quarta-feira, frente ao ministro das Finanças, os projectos e sugestões do PSD. No intervalo das sessões plenárias sobre o Orçamento de Estado, almoçará com Luís Filipe Menezes, presidente dos sociais-democratas. Depois da intervenção de Santana, que não voltou a intervir, coube ao vice-presidente da bancada, Patinha Antão, fazer a intervenção de fundo.
«Não correu como queria»
À saída do debate, Santana Lopes reconheceu que o «duelo» com Sócrates «não correu como queria». «Estou a adaptar-me no regresso a estas lides», afirmou o líder parlamentar, apontando o dedo ao presidente da Assembleia da República por ser tão rigoroso com o tempo.
«Acho que foi um bocadinho notório demais», considerou, recordando que, cinco segundos depois de ter terminado o tempo reservado à sua intervenção, Jaime Gama já lhe estava a dizer que tinha terminado. «Gostava de ter tido tempo para acabar. Contei com a habitual tolerância do presidente da Assembleia da República».
Mas quarta-feira «será melhor, se Deus quiser», afirmou, sublinhando que a intervenção inicial do primeiro-ministro pode ser longa, ao contrário da réplica da oposição. «É uma intervenção do primeiro-ministro para ganhar. São 30 balas contra cinco», afirmou, referindo-se ao facto do primeiro-ministro poder fazer uma intervenção de 30 minutos, enquanto aos partidos cabem apenas 5. Para Santana, neste primeiro dia de debate, os trabalhos estão organizados para o primeiro-ministro ganhar. Mas «amanhã [quarta-feira] é a segunda volta, amanhã tenho a minha intervenção».
No debate, o líder parlamentar do PSD deixou apenas uma ameaça ao primeiro-ministro: «Prepare-se porque Menezes vai ganhar em 2009».
Já da bancada do CDS, Portas criticou o Orçamento, garantindo que este é o quarto documento assinado por José Sócrates que consagra o aumento de impostos, e apontou os grupos que merecem uma diminuição da carga fiscal.
Fonte da notícia: Portugal Diário
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