HALLOWEEN
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Hoje é dia das bruxas. Algumas escolas já estão enfeitadas para o evento. Ninguém estranhe se encontrar uma bruxinha ou um diabinho andando por aí. Ou quem sabe até um saci.
No dia 31 de outubro, véspera do dia de todos os santos, comemora-se o halloween. A origem do halloween não é dos Estados Unidos. Em verdade, ele existe há mais de 2.500 anos e surgiu com o povo celta na Europa. Os Estados Unidos só vieram conhecê-lo muito depois, com a chegada dos irlandeses a suas terras.
Os celtas acreditavam que nesse dia espíritos e demônios se manifestariam. Isso porque ele antecede um dia sagrado, o dia de todos os santos. Para espantá-los, usavam objetos assustadores em suas casas, como caveiras. Por ser uma festa pagã e amenizar seus efeitos, a igreja criou o dia de finados, 2 de novembro.
Como se vê, é uma festa que em seus primórdios foi muito além de usar fantasias. Era um modo de lidar com o desconhecido, com o mundo dos mortos e tudo o que o envolve em nossa imaginação. E buscar proteção.
Sobre a MorteApesar de todo apelo comercial, para as crianças talvez ainda seja uma forma de compreender essas figuras que as amedrontam, inclusive a morte. Assunto esse que em muitas famílias é um tabu. Não se referem a ela e não permitem que as crianças participem dos eventos que a envolvem como se fossem incapazes de suportá-lo.
Para as pessoas em geral, esse é um assunto muito difícil, que vai além da saudade que sentem de um ente. Tanto é assim, que se coloca naqueles que já se foram características ruins - caso voltassem, fariam algum mal. Como pensavam os celtas (acreditavam que os espíritos tomariam seus corpos nesse dia).
É o medo que temos do desconhecido e que vai se perpetuando de uma geração para outra. Falar da morte é se referir a algum tipo de fracasso. De algo desconhecido que no imaginário se refere a um castigo. Nega-se aquilo que é certo para as novas gerações, que também vão tendo dificuldade em falar do assunto. E o tabu continua...
A morte, por mais triste que possa ser, é algo natural e certo. Não é castigo ou fracasso. Faz parte do ciclo da vida. Ela assusta, claro. Não sabemos direito o que é, se há continuidade ou não. Ou se é apenas nosso fim. Ninguém quer acabar.
Mas para que ela possa ser encarada desta maneira, temos que começar falando dela para as crianças, de maneira natural, à medida que perguntam. Para alguns questionamentos não há respostas, apenas crenças. Imagino que muitos pequenos nem sabem o motivo do feriado de 2 de novembro. Talvez seja um bom momento para se trazer o assunto de maneira natural, explicando o motivo de não irem à escola nesse dia.
Há muito preconceito por aí, que leva à negação de nossos medos. Não tem mal algum em se falar da morte ou festejar o dia das bruxas. O melhor é encarar esses assuntos. Ambos nos ajudam a lidar com nossos medos e fantasmas.
Bom dia das bruxas e bom feriado de finados para todos.
(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)
Fonte da notícia: G1