O regresso do Presidente Manuel Zelaya

THE RETURN OF PRESIDENT MANUEL ZELAYA

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O Presidente deposto nas Honduras Manuel Zelaya lançou hoje um desafio aos militares que o forçaram ao exílio, num inesperado golpe de Estado, domingo, avisando que vai regressar a casa já na quinta-feira.

“Vou terminar o meu mandato de quatro anos, independentemente do que os oligarcas ou os donos dos media queiram”, afirmou, durante uma reunião, na Nicarágua, com os líderes da Organização do Estados Americanos (OAS).

Zelaya – que os militares ameaçam prender caso volte ao país natal – precisou que apanhará um avião depois de amanhã com destino a Tegucigalpa e que o fará acompanhado do secretário-geral da OAS, o chileno José Miguel Insulza, tendo ainda alargado o convite a todos os chefes de Estado dos países membros daquela organização, um grupo alinhado à esquerda na região. O deposto Presidente hondurenho tem ali alguns dos seus mais próximos aliados, incluindo o controverso líder venezuelano Hugo Chávez.

O governo interino das Honduras saído do golpe militar – liderado, por escolha do Congresso, por Roberto Micheletti, um veterano da ala mais conservadora do Partido Liberal (de Zelaya) – permanece sob fogo cerrado de críticas da comunidade internacional. De todos os lados se avoluma a condenação ao afastamento de Zelaya, tendo o Presidente norte-americano, Barack Obama, classificado ontem o ocorrido como um “golpe de Estado”. Os militares alegam que Zelaya, magnata do sector madeireiro, foi “legalmente afastado” por ter violado a Constituição do país.

Para sublinhar o apoio internacional de que goza, Zelaya planeia falar hoje mesmo nas Nações Unidas, antes de cumprir o plano de regresso às Honduras, um dos maiores produtores mundiais de café.

O aprofundar da sua aliança com Chávez e outros líderes de esquerda na região causou profunda apreensão na elite conservadora hondurenha e as suas tentativas de revisão constitucional – com o propósito de permitir a reeleição presidencial além de um só mandato de quatro anos – congregaram contra ele não apenas o Congresso mas também os tribunais e as forças armadas.

Fonte: Público.pt