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Física. A maior máquina científica, o LHC, começa a operar na quarta-feira, envolvida em polémica. O objectivo é encontrar o bosão de Higgs, a partícula essencial, o 'santo graal' da física
Acelerador prepara experiência mais complexa
A maior e mais dispendiosa máquina científica do mundo "não representa qualquer perigo para a humanidade", conclui um relatório ontem divulgado pelos físicos do CERN (Centro Europeu de Investigação Nuclear, na sigla francesa).
Esta nova avaliação do Large Hadron Collider (LHC, o maior acelerador de partículas mundial) deverá silenciar de vez a tentativa de travar a mais complexa experiência científica de sempre, prevista para decorrer a partir de quarta-feira e cujos preparativos deverão começar ainda este fim-de-semana.
O objectivo da máquina é encontrar a menor partícula, base da matéria, o bosão de Higgs, também chamada "partícula de Deus", cuja existência a teoria prevê há 40 anos.
Um grupo tentou parar a experiência, alegando que se formarão buracos negros minúsculos e que estes vão engolir o planeta. O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos rejeitou uma providência cautelar, no final de Agosto, e este novo relatório explica que as experiências no LHC se baseiam em testes feitos nos aceleradores mais pequenos. A energia libertada na colisão de dois protões será idêntica à de dois mosquitos em colisão e que os buracos negros que se formarem serão diminutos, não havendo paralelo na natureza.
"Se as partículas em colisão no LHC tivessem o poder de destruir a Terra, nós não existíamos", conclui o painel de físicos do CERN, em resposta à preocupação do grupo que se reuniu em torno do teórico alemão Otto Rössler, o homem que deu a cara pela paragem da máquina.
Rössler representava a crítica mais articulada, mas há observadores para quem o LHC tem aspecto de máquina do fim dos tempos, algo saído da ficção científica ou da imaginação de Dan Brown, escritor que tem, aliás, um romance, Anjos e Demónios, passado no CERN e dedicado a este tipo de maquinaria de colisões entre religião e ciência.
O complexo acelerador custou 2,5 mil milhões de euros e o seu anel, enterrado na região de Genebra, na Suíça e França, tem 27 quilómetros. O LHC não estará a funcionar em pleno antes de 2010, e o custo do projecto, onde vão trabalhar 9 mil cientistas, será na realidade mais alto, da ordem de 8 mil milhões de euros, a pagar pelos 20 países que integram o CERN, incluindo Portugal. Para encontrar o bosão de Higgs, feixes de protões serão acelerados a velocidade próxima da luz, colidindo uns com os outros, numa tentativa de replicar as condições existentes após o Big Bang (o universo, tal como o conhecemos, terá sido formado pela explosão da matéria extremamente densa e quente).
Fonte da notícia: DN Online
Etiquetas: bosão de Higgs, Ciência, Deus, Física, LHC, partícula