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Grupos de estudantes correm por estes dias às filas das matrículas nas universidades para ameaçar os recém-chegados com brincadeiras da «Praxe», em nome da integração. Especialistas alertam os mais novos que entrar na brincadeira é voluntário e que mesmo depois há limites.
Marco Pinto Barreiros, especialista em psicologia social e das organizações, realça que este género de comportamentos surge «no cumprimento de uma das necessidades mais básicas do ser humano que é a de se sentir parte de um grupo».
«Os limites de cada um são diferentes, mas todos estamos dispostos a ceder alguma coisa e por isso é que estamos a ver jovens que até descreveríamos como tendo uma personalidade forte a submeterem-se a determinados comportamentos que podem ser descritos como humilhantes, com o simples propósito de virem a fazer parte de um grupo», explicou.
Para o especialista, o importante é que quem vai submeter-se à praxe saiba exactamente o que lhe vai acontecer, de forma a pesar os prós e os contras, para escolher livremente submeter-se ou não, porque depois de iniciado o processo é mais difícil «controlar a massa humana constituída».
O especialista em Direito Constitucional e professor universitário Jorge Miranda considera que «a praxe em si, entendida como uma forma de integração do aluno na escola, não é mau».
«O problema é quando acontecem, como têm acontecido nos últimos anos, casos em que as praxes se tornam violentas, contrárias à dignidade da vida humana, usam processos que são contrários à vontade das pessoas, até sob formas pornográficas absolutamente inadmissíveis, em que grupos de estudantes põem em causa direitos liberdades e garantias de outros estudantes», destacou.
Para Ana Feijão, do Movimento Anti-Tradições Académicas (MATA), tem havido mais atenção para os abusos na praxe, mas situações em que estudantes ultrapassam os limites continuam a existir.
«Tem havido uma linguagem mais moderada, mesmo dos praxistas, mas os casos de exagero continuam a existir porque são baseados num sistema em que há uma hierarquização e não uma verdadeira integração» do novo estudante, destaca.
«Querem fazer parte do estereótipo do estudante, vestir aquele fato, sair às quintas-feiras para o Bairro Alto ou equivalente noutras cidades e pensam que é assim, porque a própria escola não lhes dá outras alternativas de integração», disse.
Código de Praxe para ressalvar espírito de integração
Filipe Santos é responsável na Academia de Lisboa por uma equipa que está a elaborar o primeiro Código de Praxe a englobar todas as tradições das faculdades das «cinquenta e tal» instituições de ensino superior da cidade.
«Todo o novo código está pensado para que todos os abusos e situações mais anómalas sejam punidas visto que a praxe não passa por uma vingança, tem um espírito integrante e é para isso que deve existir. Doutra forma não faz sentido», considerou.
Fonte da notícia:
IOL Diário Etiquetas: brincadeiras, caloiros, estudantes, integração, praxes, universidades