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Já falta muito pouco para conseguirmos tirar o retrato do nosso eu, directamente do cérebro. As neurociências avançam num ritmo acelerado. As técnicas para obter imagens do cérebro tornam-se cada vez mais rigorosas. Vemos que áreas são iluminadas quando nos apaixonamos, mas também percebemos como reage o cérebro às doenças que nos afectam principalmente na velhice.
«Acho que estamos perto de encontrar assinaturas biológicas individuais tanto usando informação genética como informação cerebral ¿ em termos de como o cérebro usa energia, mas também como o sangue aflui a diferentes áreas cerebrais quando estamos ocupados com tarefas diferentes como andar ou até pensar», disse, em entrevista ao programa «Inovadores», Judy Illes, da Universidade da Colômbia Britânica, no Canadá.
Judy Illes é uma das maiores especialistas mundiais de uma área nova. Chama-se neuroética e estuda as implicações de obtermos um conhecimento tão profundo de cada pessoa. A cientista que esteve na Fundação Calouste Gulbenkian tem uma visão positiva das mudanças:
«Vamos entender-nos mais profundamente. Reflectiremos mais sobre o que somos capazes de controlar e também que temos de ser conscientes do que o ambiente nos diz, o que as regras de comportamento social nos dizem combinado com as nossas».
A investigadora está também muito confiante de que nos vamos tornar mais tolerantes com as pessoas que têm doenças que afectam o cérebro. «Há a esperança de que, entendendo a assinatura cerebral e as bases biológicas destes problemas, as pessoas saudáveis percebam melhor as pessoas com doenças mentais e o estigma em relação a elas diminua. Claro que é uma expectativa elevada mas acho que é possível e alguma da nossa investigação mostra que o estigma será reduzido», acrescenta.
Com um conhecimento tão pormenorizado de cada um, a forma como discutimos privacidade e exposição pública vai tornar-se diferente: «A nossa privacidade há muito que se perdeu, não há nenhuma informação que consigamos manter privada. As nossas assinaturas genéticas, as nossas assinaturas cerebrais podem ser o nosso email».
Poder espreitar com tanta clareza o nosso cérebro, também pode vir a ser uma ajuda preciosa nos processos judiciais. Culpado ou inocente? A resposta pode estar na cabeça de cada um, mas visível aos olhos de todos.
Fonte da notícia: TVI24