Hosni Mubarak: "I'm in charge of the Egyptian Security and I'll never resign, never!!!"
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Hosni Mubarak encarregou o antigo ministro da Aviação e comandante das Forças Aérea de formar governo. O presidente egípcio escolheu Ahmed Shafio como novo primeiro-ministro depois de ter anunciado Omar Suleiman como vice-presidente do país. São os militares a ocuparem lugares de topo no Estado egípcio, numa tentativa de Mubarak de fazer uma transição controlada do poder, mas que não logra pacificar as ruas.
A situação continua quente no Egito numa altura em que se multiplicam por todo o mundo manifestações de apoio à revolta. Muitos egípcios concentram-se junto das embaixadas do Egito em várias capitais, enquanto no Cairo continuam a verificar-se fortes movimentações nas artérias da capital.São milhares a desafiar o recolher obrigatório que deveria ter começado às 16H00 locais (14H00 em Lisboa). Esta tarde a televisão Al-Jazira apontava 50 mil de manifestantes só na Praça Tahrir no Cairo. Os gritos que se faziam ouvir pediam a demissão de Hosni Mubarak.
A Al-Jazira fala ainda de mais de 100 mortos nos confrontos dos últimos dias entre a população e a polícia. A agência Reuters apontava que o exército, chamado para ajudar a polícia, terá disparado sobre a população que tentou assaltar o banco central do Cairo e continuam a chegar relatos de confrontos um pouco por toda a capital.
Num editorial, este sábado, o jornal "The Washington Post" fez um apelo para que o presidente Barack Obama corte relações com Mubarak: "Em vez de apelar a um ditador intransigente para implementar reformas, a administração devia estar a tentar preparar uma implementação pacífica da plataforma da oposição".
Demissão do governo não acalmou revolta
Várias informações davam também conta de confrontos entre milhares de manifestantes e a polícia na cidade de Alexandria.
Também aí se exigia a saída imediata do histórico presidente do Egito. Durante a madrugada Hosni Mubarak, num discurso à Nação, anunciou a demissão do governo, mas o anúncio não desmobilizou os protestos.
A reação dos grupos da oposição não se fizeram esperar, insistindo na crítica ao regime e nas exigências para a saída de Mubarak. De acordo com declarações registadas pela agência Efe, num comunicado da União Nacional para a Mudança (UNM), liderada por ElBaradei, a ideia central é a de que "o discurso de Mubarak não corresponde às aspirações do povo".
A UNM incentiva também que os egípcios continuem a ocupar as ruas "até que Mubarak se vá".
E no centro da cidade do Cairo milhares de manifestantes repetiam as palavras "Vai-te embora, vai-te embora", num sinal claro de que o povo está cansado do regime de 30 anos de Hosni Mubarak.
A televisão Al Arabiya falava em 8000 manifestantes no centro do Cairo a cantar palavras de ordem contra o governo, enquanto a televisão estatal anunciou que o edifício do Ministério do Interior foi completamente saqueado em Alexandria, onde haverá um "vácuo de segurança". Também a France Press noticiava pilhagens em alguns locais do Cairo e violentos confrontos entre milhares de manifestantes e a polícia na cidade de Ismaïliya, no canal do Suez.
ElBaradei diz que só há um caminho: a saída de Mubarak
O principal rosto da oposição egípcia diz que “é suficiente” a remodelação governamental que assentou na nomeação de um vice-presidente e de um novo primeiro-ministro e pede a saída imediata do presidente Hosni Mubarak "para o bem do Egito".
"Digo ao presidente Mubarak e ao seu regime: abandone de imediato o poder para o bem do Egito e para o vosso bem", declarou o Prémio Nobel da Paz.
ElBaradei, que regressou ao Egito na quinta-feira à noite repetia o aviso a Mubarak em declarações ao canal de televisão Al-Jazeera e à cadeia de televisão France 24.
Presidente palestiniano solidário com Mubarak
Num gesto raro, Mahmud Abbas, presidente da Autoridade Palestiniana, telefonou a Hosni Mubarak para lhe demonstrar "solidariedade" e a esperança de que o país ultrapasse esta contestação."
O presidente Mahmud Abbas telefonou ao presidente egípcio e afirmou a sua solidariedade para com o Egito e o seu compromisso com a segurança e a estabilidade", assinala um comunicado do gabinete de Abbas.
O Egito, que faz fronteira com a Faixa de Gaza, desempenhou um papel importante nas conversações de paz entre israelitas e palestinianos.
Já o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, falou por telefone com Mubarak para o lembrar de que está obrigado a cumprir as promessas de uma melhor democracia, pelo que lhe pediu o fim da repressão da polícia e dos militares contra o seu povo.
Obama falou com Mubarak pouco depois do discurso do presidente egípcio transmitido pela televisão e durante o qual defendeu a ação fortemente repressiva das suas forças de segurança, colocando de parte a possibilidade de resignar.
Turistas começam a abandonar o Egito
Foi entretanto cortado o acesso às pirâmides de Gizé, podendo ser vistos muitos carros de combate e militares no local, e as companhias aéreas estão a efetuar voos extras para retirar os turistas do país.
De acordo com as agências internacionais calcula-se que estejam entre 1500 a 2000 estrangeiros nos dois principais terminais, a maioria sem reserva de voo. Mesmo assim, muitos preferem aguardar no aeroporto pela viagem de regresso do que esperar no hotel.
No entanto, o receio não atinge todos por igual e alguns turistas decidiram ficar no Egito, esperando que a situação acalme.
Fonte da notícia: RTP