Chinese President declared the end of the American dollar
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Longe dos punhos de renda habitualmente atribuídos à diplomacia chinesa, o presidente Hu Jintao, de mala aviada para um encontro com o inquilino da Casa Branca, declarou publicamente que considera o domínio do dólar no sistema monetário internacional "um produto do passado". Dados da economia vão-se acumulando entretanto a confirmar o novo protagonismo chinês.
O encontro entre Hu Jintao e Obama terá lugar em Washington amanhã, quarta feira, sobre o pano de fundo de tensões crónicas em torno da alegada subvalorização do yuan e de discussões mais ou menos inconsequentes sobre censura ao google, direitos humanos, Nobel da Paz, liberdades democráticas, autodeterminação tibetana, armas para Taiwan, e outras.
De longa data vêm as queixas de vários países, também da Europa, mas especialmente dos Estados Unidos, sobre cotações "artificalmente" baixas da moeda chinesa. Produto dessas baixas cotações, a China baixa o preço das suas exportações, invade o mercado internacional com a sua concorrência imbatível e retrai-se de comprar no exterior. Ao fazê-lo, o país que é descrito como a "fábrica do mundo" nas primeiras décadas do novo século, prejudica seriamente a economia de várias potências de primeira linha.
A valorização do yuan melhora o ambiente ...
Nesse sentido, o bom ambiente das discussões a realizar entre Obama e Hu Jintao até poderia ser favorecido por um dado conjuntural hoje noticiado: o yuan atingiu a cotação mais elevada desde há muito tempo face ao dólar, tendo o dólar, inversamente, sido negociado a apenas 6,5891 yuan (em comparação com os 6,6227 yuan que valia em 31 de Dezembro último.
A valorização do yuan é interpretada como resultado da nova política chinesa de "maior flexibilidade das taxas de câmbio", em vigor desde Junho de 2010, que já dera origem nos últimos seis meses a valorizações do yuan na ordem dos 3 por cento. Assim, o pico cambial de hoje corresponde a uma tendência de fundo, reconfortante para os responsáveis norte-americanos.
Com esta concessão importante aos clamores norte-americanos e europeus, Hu Jintao pode portanto permitir-se afirmar, alto e bom som, que o green back agoniza como padrão monetário internacional e que só mantém ainda esse estatuto como resquício de uma época passada. Enquanto o yuan continuar a valorizar, tudo lhe será perdoado.
... mas continua a recear-se o "perigo chinês"
Mais difíceis de digerir são alguns outros dados do protagonismo económico chinês que continuam ininterruptamente a vir a lume. Um deles diz respeito ao investimento externo na China, que aumentou no ano passado em 17,4 por cento, para atingir a bonita soma de 105.704 milhões de dólares.
Segundo o porta-voz do ministério chinês do Comércio, Yao Jian, citado pela agência Lusa, "o rápido crescimento pode ser atribuído ao robusto desenvolvimento do sector dos serviços e das províncias do centro e do Oeste do país".
Inversamente, o dinamismo da economia chinesa reflete-se nos investimentos que esta, por sua vez, realiza no estrangeiro e na soma, hoje divulgada pelo Financial Times, que atingem os créditos concedidos pela banca chinesa a economias estrangeiras. O que essa soma tem de simbólico é o ter ultrapassado pela primeia vez a dos créditos concedidos pelo Banco Mundial: se no biénio 2009-2010 este emprestou 100 mil milhões de dólares aos "países em desenvolvimento", a China emprestou 110 mil milhões.
Fonte da notícia: RTP