Digam o que disserem, o primeiro anúncio da visita que Bento XVI fará a Fátima, em Maio próximo, é uma precipitação nada diplomática da Presidência da República. A novidade deveria ter sido concertada com o Vaticano, através da Nunciatura em Lisboa, e a Conferência Episcopal Portuguesa.
O facto de, posteriormente, todos dizerem que estão contentes não abona a favor das boas e elegantes regras da educação, se quiserem, chamem-lhe elegância diplomática.
O convite é normalmente feito pelos bispos, como, em boa verdade, aconteceu antes do que idêntica iniciativa do presidente da República. Posteriormente, no caso afirmativo, caberá ao presidente da República oficializá-lo, o que não dá para dizer que a ideia é original da Presidência. Muito antes de Cavaco Silva já os bispos tinham manifestado ao Papa o desejo que visitasse o país. Com luva branca, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, arrefeceria a precipitação da Presidência da República, ao afirmar que a Secretaria de Estado do Vaticano lhe confirmou a visita do Papa.
A vinda de Bento XVI a Fátima é uma boa notícia para os católicos e para os portugueses em geral, que costumam ser bons hospitaleiros e sabem receber com delicadeza quem os visita por bem.
Para quem entende o que significam, teológica e pastoralmente, as aparições e as revelações particulares, como aconteceu em Fátima, a atenção dos papas é muito significativa. Fátima não é dogma de fé, mas vai merecendo crédito até pelas visitas dos Papas. O santuário mariano ganhou visibilidade maior desde as viagens pontifícias realizadas por Paulo VI e, sobretudo, João Paulo II. Mais cedo, já Pio XII, em 31 de Outubro de 1942, tinha consagrado o Mundo ao Imaculado Coração de Maria, em plena II Guerra Mundial. O beato João XXIII visitou Fátima no dia 13 de Maio de 1956, quando era ainda patriarca de Veneza.
Paulo VI, porém, foi o primeiro Papa a vir pessoalmente a Fátima, em 13 de Maio de 1967, no cinquentenário das aparições. Mas, o Papa de Fátima seria João Paulo II. Visitou o santuário três vezes (1982, 1991 e 2000).
Bento XVI foi o responsável, ainda como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, pelo comentário teológico da terceira parte do segredo de Fátima, um belo texto teológico. Será bem-vindo ao santuário de Fátima.
"Mão maternal" protegeu atentado contra João Paulo II
A revelação da ligação do atentado de 1981 a João Paulo II à terceira parte do segredo de Fátima (mensagem da Virgem aos pastorinhos em Julho de 1917, escrita por Lúcia na década de 40) justificou a cumplicidade entre o Papa e o santuário. João Paulo II sempre se mostrou seguro de que "uma mão maternal" guiou a trajectória da bala. Quando Lúcia faleceu, o Papa mostrou-se emocionado ao lembrar "os encontros que tive com ela e os laços de amizade espiritual que se reforçaram com o passar dos anos".
Fonte: Jornal de NotíciasEtiquetas: 13 de Maio, animation gif, Cartoon, Catholic Church, católicos, Fátima, Igreja, May 13th, Papa, Pope, Portugal, Santuário, Visita