O documento, enviado à Agência ECCLESIA, recorda que milhares de milhões de dólares foram “transferidos para os bancos para os salvar da bancarrota” num momento em que “todos os dias vemos e ouvimos falar de encerramentos de fábricas, de perdas de empregos, de despedimentos, de deslocalizações e do aumento do desemprego”.
“A pior crise económica mundial, desde 1929, apresenta numerosas consequências para os trabalhadores e para as suas famílias em todos os países do mundo”, alerta o MMTC.
Para o Movimento, “há algo que não está bem, sobretudo no que respeita aos valores sobre os quais é construído o sistema político e económico actual”.
“É um sistema em que a dignidade humana não é respeitada, em que os trabalhadores migrantes são os primeiros a encontrarem emprego, mas também os primeiros a serem despedidos, em que o direito de organizar-se colectivamente é, frequentemente, o pretexto para despedir um militante ou deslocalizar uma empresa. É um sistema em que o lucro está no centro e não a pessoa humana”, apontam os trabalhadores cristãos.
“Acreditamos na capacidade dos trabalhadores em resistir colectivamente à injustiça. Todos os dias, vemos trabalhadores a reagir às injustiças através de greves e de manifestações em todos os continentes: eles exigem justiça e igualdade na satisfação das necessidades humanas”, acrescenta a mensagem.
Segundo o MMTC, “a solidariedade entre os trabalhadores e as trabalhadoras do Norte e do Sul, é indispensável para criar e promover um trabalho justo para todos”.
“No dia 1 de Maio juntamo-nos às trabalhadoras e aos trabalhadores que lutam por um mundo mais justo, um mundo melhor, que tenham fé ou não, para demonstrar a nossa vontade de libertar todos os trabalhadores das injustiças, devidas a uma economia de mercado e a um liberalismo descontrolado”, conclui a mensagem do Conselho Executivo do Movimento.
Jovens
Os movimentos europeus da Juventude Operária Católica (JOC) lançaram também uma mensagem de alerta, por ocasião da próxima celebração do 1.º de Maio, marcada pela “crise económica mundial”.
No texto enviado à Agência ECCLESIA, é referido que esta é uma crise “causada pela ganância de alguns, pela injustiça e pela falta de humanidade imposta pelas regras do sistema económico”.
“Uma crise que, como qualquer crise, é suportada pelos trabalhadores. Os trabalhadores enfrentam o desemprego, os contratos de trabalho temporários, a perda de segurança e de direitos”, acrescenta o documento.
Os movimentos europeus da JOC sublinham que “a crise afecta, particularmente, os mais vulneráveis, tais como as mulheres, os jovens, os emigrantes”.
A mensagem refere que ao nível do emprego, na Europa dos 15, morrem anualmente 430 jovens. Verifica-se ainda a taxa mais elevada de desemprego: 20% entre 15–19 anos e 18% entre 15-24 anos (dados da Agência Europeia de Saúde e Segurança no Trabalho).
“Estes números referem-se a jovens com nomes: como Thomas, jovem aprendiz electricista que morreu num acidente de trabalho; Susana, que perdeu um dedo ao cortar-se na máquina em que laborava; Maria, teve de deixar o trabalho como cabeleireira devido a problemas de pele causados pelos produtos químicos com que trabalhava; Afonso, que apenas conheceu empregos de part-time ou Inês que não sabe o significado de um contrato de trabalho sem termo”, refere o texto.
Ao nível da educação, indicam os movimentos, “a introdução da Área da Educação Superior Europeia significa a comercialização do ensino superior e a redução de oportunidades para a classe dos jovens trabalhadores. A directiva Bolkestein ainda constitui uma ameaça para os trabalhadores”.
“A directiva de retorno de emigração Europeia torna claro que a Europa envia grupos de emigrantes para outros continentes, reduzindo seres humanos a simples peças de mercadoria que, mal se tornem desnecessários, serão reenviados aos lugares onde nasceram. Esta traduz outra causa de vergonha para o nosso continente”, acrescenta a nota.
Por isso, refere-se, neste ano os trabalhadores devem sair à rua para “proteger os nossos direitos”, com a certeza de que “é possível um mundo melhor” e apresentando como sinal de esperança a rejeição da directiva Europeia do horário de trabalho das 65 horas semanais.