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Li, recentemente, um comentário de dois autores, da chamada pós-modernidade, que defendia a seguinte tese: “É preciso substituir o princípio da verdade pelo princípio da justificação”. Por outras palavras, em vez de gastar tempo com a procura da verdade, deve-se gastá-lo só a procurar justificação para as atitudes pessoais, por mais arbitrárias que elas sejam.
O princípio da verdade é, assim, recusado por esta tese, a qual considera falsas as três premissas que, em seu entender a suportam e que são as seguintes: A primeira é o consenso fabricado pelos filósofos de que todo o ser humano deseja chegar ao conhecimento da verdade; A segunda é que a verdade corresponde à natureza das coisas e em particular à natureza do homem e da mulher; A terceira quer esta natureza das coisas se impõe ao sujeito e não depende dele.
Por isso e em vez da preocupação por descobrir e apresentar a verdade, a tese propõe-se seguir o princípio de que o que interessa é encontrar, em cada caso, uma justificação para as opções e para as atitudes que cada um decide tomar, certamente em função dos seus interesses e dos interesses do seu grupo, mesmo que seja em prejuízo dos outros e do bem comum.
A opção do Papa, na sua mensagem para este dia mundial dos meios de comunicação social, não é esta tese, mas a tese contrária, a saber, a opção pela verdade; verdade que se nos impõe e que nós não fabricamos; verdade que liberta, verdade que aponta caminhos de construção do bem pessoal integral de cada pessoa e de todas as pessoas; verdade que aponta sempre na direcção do Bem Comum, que é preciso construir, mesmo com sacrifício de alguns bens particulares.
Se a verdade não está sujeita aos jogos de interesses dos indivíduos e dos grupos; se a verdade não pode ser instrumentalizada por objectivos de puro marketing económico, político ou outros, então essa mesma verdade transforma-se em fonte de uma ética, a determinar regras que hão-de regular também os meios de comunicação social, enquanto instrumentos privilegiados para procurar e divulgar a mesma verdade.
É a essa responsabilidade dos meios de comunicação social que o Papa Bento XVI se quer referir quando fala de info-ética, por aproximação a outros âmbitos da ciência, onde se fala, por exem¬plo, de bioética.
E sentimos todos como é particularmente urgente procurar a verdade do homem e da mulher, a viverem em sociedade, num processo de construção de vida com qualidade e de bem estar para todos, sem excluir ninguém.
Impõe-se por isso cultivar uma ética dos meios de comunicação social, que coloque acima de tudo o respeito pela verdade e em particular a verdade do homem e da mulher, com seus direitos e deveres.
Essa ética dos meios de comunicação social, por um lado orientará sempre para a procura da verdade e para a sua apresentação rigorosa e, em consequência, opõe-se ao princípio da simples justificação de atitudes e interesses de pessoas e grupos. E desta forma recusa a chamada lei do mais forte, que instintivamente a todos nos repugna.
Entra aqui o alerta do Papa para a subserviência da comunicação social aos interesses dos grandes grupos económicos ou ideológicos.
Sendo assim, o critério base para regular o estatuto editorial de todos e cada um dos meios de comunicaç.ão social tem de ser o seguinte: promover e defender a dignidade e os direitos de todos e cada um dos seres humanos. A declaração universal dos direitos do Homem, de que estamos a comemorar este ano os 60 anos da sua aprovação na ONU, é carta de referência, onde é sempre perigoso admitir excepções. Para esse perigo alertou o Papa Bento XVI, em seu recente discurso pronunciado na Assembleia Geral das Nações Unidas.
Também desejo aproveitar esta jornada Mundial dos Meios de Comunicação Social para fazer sinceros votos, na sequência desta mensagem do Papa, no sentido de que a paixão pela verdade e a defesa dos direitos de todas e cada uma das pessoas seja o “leitmotiv” de todos os “media” e o seu ponto de honra nunca posto em causa por qualquer espécie de pressão ou interesse, seja de pessoas seja de grupos.
Fonte da notícia: Agência Ecclesia Nota Pessoal:
A verdade é como uma bússola que nos orienta para o caminho certo. Sabe-se, porém, que hoje essa verdade está sendo em muitos meios da Comunicação Social substituída por outras componentes que, em vez de guiar e orientar, encaminha, extravia e conduz-nos para caminhos errados. Neste dia em que se celebra o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, O Bispo de Braga, D. Manuel Felício, chama-nos à atenção para esse facto.
Etiquetas: Bispo de Braga, D. Manuel Felício, Dia Mundial da Comunicação Social, justificação, Meios de comunicação social, verdade