Barack Obama's visit to Portugal for the LISBON NATO SUMMIT
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A manutenção do comando da Nato em Oeiras será o tema quente do almoço que sentará à mesma mesa, amanhã, no Palácio de Belém, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o Presidente da República, Cavaco Silva, e o primeiro-ministro. Este "almoço de trabalho" ficou agendado, depois de a Casa Branca ter declinado há duas semanas o convite feito pela Presidência da República e reiterado pelo primeiro-ministro para que Obama aproveitasse a vinda a Lisboa, no âmbito da cimeira da Nato, e fizesse uma visita de Estado ao país. A Casa Branca recusou o convite, alegando falta de agenda do presidente dos Estados Unidos para uma estada tão longa, que incluísse honras militares, a protocolar passagem pelos Jerónimos e reuniões bilaterais entre ministros dos dois países. Algo que limitou a agenda económica dos encontros. Em contrapartida, o gabinete de Obama sugeriu dois encontros curtos, um com o chefe de Estado português e outro com o primeiro-ministro, e um encontro de negócios, onde serão abordados temas principalmente relacionados com segurança.
O i avançou em Outubro que o encerramento do comando da Nato em Oeiras estava iminente por questões orçamentais. Em resposta, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, referiu, em tom de ameaça, que "o consenso [em torno da nova estrutura de comandos da Nato] é um consenso a 28 e Portugal é parte desse consenso, e sem a vontade de Portugal não haverá reforma da estrutura de comandos". Na semana passada, em entrevista ao semanário "Expresso", Amado acabou por recuar no tom: "É um processo negocial, não vejo razão para que não se mantenha uma vontade política forte de preservar uma estrutura em solo português da Aliança". Essa vontade política vai ser expressa no almoço de amanhã.
É ainda expectável que o presidente dos Estados Unidos queira perceber as sensibilidades dos governantes portugueses sobre a crise que afecta o país e a forma como Portugal está a enfrentar a escalada das taxas de juro para se financiar no exterior. A efectivação de parcerias económicas é, para já, um cenário afastado uma vez que Obama não traz delegações que antecipem acordos económicos. Porém, não será fechada a porta a parcerias futuras.
A chegada do presidente dos EUA ao Palácio de Belém está marcada para as 13 horas de amanhã. Obama terá honras militares e irá tirar a foto oficial na Sala das Bicas, onde irá assinar o livro de honra, seguindo-se o encontro a sós com Cavaco Silva. Depois, os dois chefes de Estado dirigem-se à sala de jantar do palácio, onde os esperam o primeiro-ministro e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, os embaixadores de ambos países, a chefe da diplomacia norte-americana, Hillary Clinton, e o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA.
É a primeira vez que Obama e Cavaco se juntam numa reunião formal, lembrou ao i Abílio Morgado, consultor de Assuntos de Segurança Nacional do Presidente da República. "Este encontro permitirá a sedimentação de relações pessoais e bilaterais ao mais alto nível".
Para além da questão da manutenção do comando da Nato em Oeiras, que está em perigo desde que os EUA anunciaram que iriam reduzir o número de efectivos e de comandos na Europa por razões de contenção económica, será abordado o papel de Portugal no quadro da Nato como país que tem forças destacadas no Afeganistão e em teatros europeus e africanos. A proximidade do país a África, no quadro da Comunidade de Língua Portuguesa, deverá ser ainda um dos argumentos utilizados pelos governantes portugueses para a manutenção do comando da Aliança em território nacional. No âmbito bilateral, Cavaco Silva não se deverá esquecer de abordar o papel da comunidade portuguesa nos Estados Unidos.
Já o embaixador norte-americano em Portugal, Allan Katz, que também estará presente no almoço, defendeu ontem que "os encontros bilaterais vão permitir mais empenho numa série de encontros e oportunidades para os EUA e para Portugal na área das ciências, na área da economia". A título de exemplo, Allan Katz, relembrou o trabalho feito entre o ministério da Ciência e da Tecnologia português e a NASA, a agência espacial norte-americana: "E isso [deixou de acontecer] não porque alguém tenha dito ''não queremos trabalhar com Portugal'' ou ''não queremos trabalhar com os Estados Unidos''." O embaixador levantou ainda a possibilidade "de trazer mais americanos para a área do turismo". "Portugal é um dos melhores sítios do mundo e é relativamente desconhecido nos EUA".
Depois de Belém, Obama irá ainda passar por São Bento para um encontro com o primeiro-ministro, onde será presenteado com um astrolábio, seguindo posteriormente para a cimeira da Nato, que se realiza em Lisboa durante o fim-de- semana e tem hora de início marcada para 16h30.
Com Joana Azevedo Viana
Fonte da Notícia: I Online