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sábado, 13 de junho de 2009

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Muammar Kadhafi em Itália

MUAMMAR KADHAFI IN ITALY
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Estão no poder há décadas - em certos casos, há mais de meio século! Uns dirigem monarquias constitucionais, como a Grã-Bretanha e a Tailândia; outros dirigem regimes autoritários, como a Líbia, de Muammar Kadhafi, hoje o decano dos líderes políticos não monárquicos, após a morte de Omar Bongo. Fará 40 anos no poder em Setembro.

Desaparecido no início da semana o Presidente do Gabão, Omar Bongo, é agora o líder líbio, Muammar Kadhafi - outro africano -, que ocupa a posição de mais antigo dirigente político não monárquico em funções na actualidade (ver texto na pág. seg.). Assinalará 40 anos de exercício ininterrupto do poder em Setembro.

Actualmente em Itália, naquela que é a sua primeira deslocação à potência colonizadora, depois de Roma ter acordado, em 2008, um programa de investimentos de 3,5 mil milhões de euros como "indemnização" por 30 anos de ocupação, Kadhafi, de 67 anos, viveu já várias incarnações enquanto dirigente de um país que, após hostilizar profundamente o Ocidente, tem procurado normalizar as relações com a comunidade internacional.

Ainda recentemente, a sua eleição para a liderança da União Africana (UA), em Fevereiro, suscitou alguma irritação na organização pan-africana.

O seu ritual de montar uma tenda em cada cidade que visita e da sua guarda pessoal ser constituída em exclusivo por mulheres, são aspectos que contribuem para definir uma personalidade algo excêntrica, aspecto reforçado pelos seus célebres óculos escuros e a tendência para manter o cabelo pintado de negro.

São estes comportamentos, aliados ainda a uma linguagem megalómana, que têm contribuído para tornar o "guia da revolução da Grande Jamahiriya árabe líbia popular e socialista" - a designação oficial das suas funções - um dirigente único no plano internacional. A que as suas declarações sobre corrupção burocrática e a obsolescência do Estado, entendido no sentido clássico, quase o fazem parecer um teórico libertário. Declarações contraditadas pela prática repressiva do regime, regularmente denunciada pelas organizações internacionais de defesa dos direitos humanos.

Mas o Muammar Kadhafi de 2009, apesar destes comportamentos, tem feito um enorme esforço procurando a respeitabilidade no plano internacional e distanciando o regime do tipo de actuação que o caracterizou nos anos 70 e 80. Essa foi a época do "socialismo árabe" e da "revolução popular". A Líbia surgia então conotada com grupos terroristas do Médio Oriente e do resto do mundo. Em 1993, após a assinatura dos Acordos de Oslo entre Israel e a OLP, ordena a expulsão de milhares de refugiados palestinianos em retaliação por aquilo que considera a capitulação de Yasser Arafat.

Nos anos 80, o regime líbio quase se torna sinónimo de terrorismo: são apontadas cumplicidades de Tripoli em atentados (o voo da TWA, que explode sobre a localidade escocesa de Lockerbie, em 1988, ou um voo da UTA, que explode entre Brazzaville e Paris, no ano seguinte) ou noutras acções contra interesses americanos.

O então presidente Ronald Reagan ordena, em 1986, um ataque aéreo de retaliação sobre a capital líbia e a cidade de Bengazi. Kadhafi é ferido e morre uma das suas filhas adoptivas.

Duas décadas depois, em Setembro de 2008, Kadhafi dirá que "o conflito entre a Líbia e os EUA está terminado de vez. Não haverá mais guerras, ataques aéreos ou actos de terrorismo".

Na mesma altura, elogiou profusamente Silvio Berlusconi depois deste apresentar desculpas da Itália pelo domínio colonial entre 1911 e 1942.

O que permitiu a presença de Kadhafi hoje em Roma, mas não o impediu de chegar duas horas atrasado a uma sessão da Câmara dos Deputados, que, naturalmente, anulou o encontro.

Quase 40 anos depois de, simples capitão, ter deposto o rei Idris I a 1 de Setembro de 1967. Kadhafi tinha então 27 anos e, acto quase contínuo, autopromoveu-se a coronel. Posto que mantém hoje, como continua no poder - e decano dos líderes não monárquicos no mundo.

Mas esta é uma distinção para a qual não faltam sucessores, como Teodoro Obiang, da Guiné Equatorial, ou José Eduardo dos Santos, em Angola, que dirigem os seus países desde 1979, ou Hosni Mubarak, no poder desde 1981. Isto é, se não morrerem antes...



Fonte: DN Globo

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