O Maisfutebol esteve no Pavilhão Municipal de Famalicão, onde decorreu o último dia de competição, e absorveu o espírito dominante na prova. Aqui, a cartilha professada é o fair-play e o respeito pelo próximo - seja ele adversário, árbitro ou um mero espectador ¿ levado ao limite.
Como nos explicou o padre Marco Gil, capitão da selecção de Portugal e um dos organizadores do certame, «há um homem imperfeito por trás do sacerdote». Um homem com prazer pela prática do desporto, com paixão pela vitória mas, conforme tivemos oportunidade de ver, subserviente à máxima educação.
«Somos padres mas também membros da comunidade. Qualquer um de nós pode errar. Com este torneio, que já vai na sua quarta edição, aproximamo-nos das pessoas», explicou-nos o padre Marco Gil, que até é muito bom de bola. Talvez mesmo o melhor dos sacerdotes que vimos em acção no terreno de jogo.
Um padre adorador de Lineker e Baresi
O respeito é muito bonito mas, como em qualquer actividade competitiva, o objectivo é vencer. «Ninguém gosta de perder, nós também não. Jogamos com respeito, em perfeita comunhão, mas para ganhar. No final, sim, vamos todos conviver em harmonia», refere Marco Gil, um apaixonado pelo desporto-rei.
«Habituei-me desde cedo a admirar jogadores respeitadores. Quando era criança o meu atleta favorito era o Gary Lineker, ponta-de-lança da Inglaterra e um verdadeiro gentleman. Depois comecei a apreciar o Franco Baresi, um senhor do futebol também.»
Do Paços do Lima à selecção do sacerdócio
Na selecção de Portugal, um dos sacerdotes faz do futsal uma forma de vida. Quando não celebra homilias, o padre Cunha veste o equipamento do Paços do Lima, um clube que milita na primeira divisão regional da Associação de Futebol de Viana do Castelo.
Quatro vezes por semana, é vê-lo entusiasmado na defesa de uma causa bem distinta daquela que o levou ao seminário. Sem surpresa, foi um dos seleccionados para representar Portugal na Champions Clerum.
«O ambiente nesta prova é completamente diferente daquele que encontro nos jogos oficiais do meu clube. É tudo mais tranquilo», confessou-nos, antes de elogiar a preparação da equipa nacional.
«Temos um bom treinador, que nos guia e orienta com autoridade. E isso até nem seria fácil à partida, pois qualquer padre está mais habituado a liderar do que ser liderado», concluiu o padre Cunha, antes de iniciar o aquecimento para o jogo das meias-finais entre Portugal e a Bósnia.