O lançamento aconteceu às 6h20 locais (22h50 de terça no horário de Brasília) nas instalações da Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO, sigla em inglês) na ilha de Sriharikota (sul), que fica na baía de Bengala.
A "Chandrayaan 1" descolou de um veículo de lançamento de satélites polares (PSLV, sigla em inglês) e demorou 18 minutos para orbitar ao redor da Terra, segundo o planejado e apesar das fortes chuvas dos últimos dias.
As câmeras captaram o momento em que o foguete subiu com uma esteira de fogo e densa fumaça branca, antes de desaparecer no céu, enquanto cientistas da ISRO - também vestidos de branco - aplaudiam e se abraçavam satisfeitos.
"O lançamento foi perfeito. A nave chegará à órbita lunar a 8 de novembro e lá começará a sua tarefa", disse à Agência Efe um porta-voz da organização.
Com o lançamento da "Chandrayaan 1" (veículo lunar) a Índia junta-se ao clube das potências com missões de satélite, integrado pela Rússia (antiga União Soviética), Estados Unidos, Agência Espacial Européia, China e Japão.
"O lançamento bem-sucedido da 'Chandrayaan 1' marca o primeiro passo do que esperamos ser um marco histórico do programa espacial indiano", comemorou o primeiro-ministro do país, Manmohan Singh, em comunicado após o lançamento.
Com um custo de 3,86 bilhões de rúpias (cerca de US$ 78 milhões), a sonda viaja rumo à Lua equipada com 11 instrumentos científicos, que servirão para traçar um mapa tridimensional do satélite e estudar sua composição geológica.
A "Chandrayaan 1" orbitará a 100 quilómetros do satélite durante dois anos, mas um dos momentos mais especiais acontecerá no próximo dia 15 de novembro: neste momento a sonda deixará cair uma bomba de impacto lunar com a bandeira indiana.
O lançamento foi recebido com entusiasmo pelo meio científico e a imprensa, e o ISRO não demorou a receber os cumprimentos das principais autoridades políticas, como a presidente Pratibha Patil e o próprio primeiro-ministro.
A imprensa indiana já classificou a "Chandrayaan 1" como um "grande salto adiante" e o "Moon Yatra" (viagem lunar) reafirmou a tradicional pujança do sector aeroespacial indiano, que já havia lançado vários satélites estrangeiros.
Em setembro de 2007, a agência espacial indiana anunciou planos de construir uma "constelação" de sete satélites geoestacionários no valor de US$ 395 milhões até 2012.
Além disso, a "Chandrayaan 1" é apenas o primeiro passo nos planos do ISRO, que prevê enviar dois indianos ao espaço e mais tarde, por volta de 2025, levar outro de seus compatriotas a pisar o solo lunar, segundo um porta-voz da organização.
"Estamos planeando levar duas pessoas ao espaço em nossa primeira missão tripulada. O projecto está aprovado pela comissão espacial, com um custo de US$ 2,44 bilhões", disse hoje o presidente do ISRO, G. Madhavan Nair, à agência indiana "Ians".
De origem modesta, a indústria aeroespacial indiana foi uma das apostas no ímpeto desenvolvimentista do país nas últimas décadas, que contrasta o lançamento de satélites com a existência de centenas de milhões de pobres.
Os cientistas esperam que esta primeira viagem indiana à Lua - a 68ª expedição da Terra ao satélite - apresente benefícios científicos imediatos e tenha outros efeitos mais concretos a longo prazo na economia e na política estratégica do país.
"A missão colocará a Índia no mapa mundial da cooperação em tecnologia espacial, além de fortalecer nosso propósito de usar estratégias na luta contra a pobreza e o analfabetismo", disse o cientista e senador Krishnaswami Kasturirangan à "Ians".
Cumprindo-se ou não esse propósito estratégico, por enquanto os cientistas, os políticos e os meios de comunicação indianos fizeram suas as palavras do director do projeto Chandrayaan, Mylswamy Annadurai: "Nosso bebé segue para a Lua". EFE