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Quase 12 toneladas de estupefacientes foram destruídas num dos fornos da Valorsul. Ao todo, droga daria para mais de 25 milhões de doses .
cocaína vem da América do Sul, a heroína do Afeganistão, o haxixe de Marrocos, as substâncias sintéticas do centro da Europa, a liamba é produzida em todo o lado. Mas quase 12 toneladas destas drogas, com um valor estimado de 50 milhões de euros, terminaram a arder a 900 graus centígrados num dos fornos da empresa Valorsul, em São João da Talha.
A chegada dos dois camiões carregados com os estupefacientes às instalações da empresa de tratamento de resíduos estava prevista para as 9h30, mas acaba por acontecer apenas cerca de uma hora depois, sob escolta de vários agentes da Polícia Judiciária (PJ).
A cancela da Valorsul detém a marcha da coluna de veículos, por momentos. Dos seis veículos ligeiros descaracterizados saem 14 agentes armados, três deles com metralhadoras. Objectivo: manter seguras dentro dos pesados, 11,7 toneladas de droga, distribuídas por 373 pesados sacos.
«Estão aqui 14,5 quilos de heroína, 96 quilos de liamba, 197 quilos de cocaína, 11,4 toneladas de haxixe, mais 94 mil comprimidos de droga sintética variada, dos quais 92 mil de ecstasy», explicou aos jornalistas o inspector-chefe José Figueira, porta-voz do Departamento Central de Investigação de Tráfico de Estupefacientes (DCITE), João Figueira.
25 milhões de doses
Contas feitas, segundo a tabela da PJ, esta droga, que daria para algo como 25 milhões de doses, valeria nas ruas cerca de 50 milhões de euros. O que faz parecer quase irrisórios os cerca de dois mil euros que as autoridades pagaram pela sua destruição à Valorsul.
José Figueira explica que este tipo de operações é um procedimento legal, que tem uma «regularidade mensal». «Esta droga resulta de duas situações», diz o inspector da PJ, especificando que maior parte provem de apreensões efectuadas pelas várias forças de segurança (PJ, PSP, GNR, Direcção Geral das Alfândegas. SEF, Autoridades Marítima e Serviços Prisionais) e outra de pequenas amostras que acompanham os processos judiciais.
«Uma gota no oceano»
Os veículos seguem então para um pavilhão, que cobre um fosso enorme. Lá dentro, lixo. Muito lixo, que espera para ser recolhido por uma espécie de mão metálica gigantesca, que alimenta continuamente a voragem dos fornos. Por hora, são incinerados «28 mil toneladas» em cada um, explica Ana Loureiro, directora de comunicação da Valorsul, desvalorizando a quantidade de droga trazida pela PJ.
«Isto é uma gota no oceano dos resíduos». E a visão que se segue - um contentor amarelo cheio de sacos de droga suspenso sobre a enorme vala - avaliza a declaração.
«A droga vai ser incluída directamente dentro do forno». Esta é a única diferença no tratamento que é dado à carga trazida pelas autoridades, já que não fica à espera no reservatório comum.
Sem perigo para a saúde
Durante a visita guiada às instalações com o PortugalDiário, a responsável mostra uma pequena janela. Abre-se a reduzida escotilha e solta-se um clarão. Do outro lado, 900ºC. Tudo fica reduzido a cinzas. «Produz-se energia suficiente para uma cidade de mais de 150 mil habitantes».
Dois lanços de escadas metálicas acima, entra-se no centro de controlo. Monitores pendurados do tecto exibem informações do que se passa dentro forno e à sua entrada. Alguns técnicos inspeccionam o fluxo dos dados. Um processo que se realiza continuamente.
Do lado de fora, ergue-se uma chaminé com várias dezenas de metros. Exala fumo, mas não se vê. «As partículas são todas filtradas», revela Ana Loureiro, garantindo que a queima da droga não representa qualquer perigo para a saúde, porque os resíduos da queima são todos tratados, tanto os pesados, como os gases.
Enquanto isso, dentro do enorme pavilhão, os trabalhadores acabam de carregar mais uma vez o caixote metálico amarelo. «Pode subir», diz um deles. E a carga ergue-se até desaparecer dentro da boca do forno. No final, 363 sacos de droga terão sido reduzidos a cinzas.