The end of the world in 2012
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São numerosos na história do mundo, das ideias e das artes as obras que abordam, por prismas diversos, a perspectiva ou expectativa do fim do mundo. Coisa contraditória na nossa época, racionalista, imediatista, que procura viver o momento, a experiência sensorial, a busca da riqueza ou da satisfação: quanto mais vive o imediato mais se inquieta pelas forças misteriosas que movem o mundo. Serão disso testemunho a apetência dos horóscopos que avaliam ou propõem as situações pela forma mais irracional mas sempre benevolamente aceites, as diversas formas de magia, a busca das influências dos astros ou de um além indefinido.
Dito de outra maneira: o nosso tempo substitui as realidades espirituais vivenciadas na vida por influências supostas de forças que se entendem sobrenaturais e a cuja influência todos se acomodam.
Neste contexto, o espírito e as tradições cristãs do povo, a própria vivência das comunidades, sentem-se despistadas. Onde se buscava a reflexão sobre os últimos fins do Homem, a evolução da condição humana, são as contingências do presente, para permanecerem no presente, sem horizonte de abertura às realidades espirituais que assumem a preponderância na mentalidade colectiva.
As propostas do Episcopado, as reflexões de filósofos e pensadores sobre a morte e a vida, os encontros sobre a condição humana passam ao lado das inquietações de hoje. Preferimos os adivinhos da televisão ou os visionários “espiritualistas”, que se consultam piamente e que ganham fortunas, à proclamação do espírito evangélico, aos ensinamentos bíblicos, à tradição cultural dos mestres da espiritualidade. Não falamos evidentemente do mais importante de tudo: as forças económicas, as crises, as formas rápidas de enriquecer que depois empobrecem, os êxitos ou fracassos desportivos. Eis o nosso mundo.
Mas eis que de repente um filme incubado nos grandes empórios americanos do espectáculo, chamado 2012, começa a explorar o medo junto das populações, a começar pela América. Parece que a máquina publicitária já conseguiu que o filme, racional ou irracional que seja, tenha garantido o êxito. Passageiro, evidentemente.
Os filmes modernos já não analisam criativamente os grandes dramas humanos. Vivem do espectáculo, dos temores fabricados, dos espectros sociais, dos fantasmas inoculados nas mentes e sensibilidades, doe epifenómenos da mediatização.
Os psicólogos falam do psiquismo ou do jogo do medo, e justificam como natural a sedução que exercem sobre adolescentes e jovens. Outros vão falando da esperança numa vida melhor que a sua atracção pode significar.
Transformar o medo em esperança: eis uma proposta que nasce do cristianismo. Como não lembrar as frases apocalípticas dos “novos céus” e da “nova terra”, visão de que a tecnologia moderna pretenderá apoderar-se, mudando-lhe apenas o lugar e o sentido da realização?
Fonte:
Jornal da MadeiraEtiquetas: Fim do Mundo