Sócrates pede a Chávez que considere Portugal "a sua casa"
O primeiro-ministro português agradeceu "esforços" do Presidente venezuelano para garantir aos portugueses "estabilidade e segurança".Mais de duas horas depois do previsto, o Presidente da Venezuela chegou a São Bento para jantar com o primeiro-ministro português. Pelo meio, Hugo Chávez suspendeu uma conferência de imprensa num hotel de Lisboa e falou durante meia hora com o "povo" que o esperava no aeroporto militar de Figo Maduro."Às vezes, mais vale uma hora bem aproveitada...", realçou Chávez, depois de José Sócrates ter manifestado "honra e satisfação" por receber o chefe de Estado que tem feito "referências tão elogiosas" à "empenhada" comunidade lusa na Venezuela.
Os muitos jornalistas portugueses, espanhóis e venezuelanos puderam entrar numa das salas da residência oficial do chefe de Governo português. Mas dado o mau estado dos microfones e a insuficiência das colunas de som, tiveram de se esforçar muito para conseguir ouvir as palavras trocadas entre Sócrates e Chávez, sob o olhar atento de uma pequena comitiva, que incluía o ex-Presidente da República Mário Soares.A comunidade lusa na Venezuela foi elogiada por Chávez e Sócrates.
O primeiro-ministro agradeceu "do fundo do coração" os "esforços" do líder bolivariano para garantir aos portugueses "estabilidade, confiança e segurança" e pediu-lhe que considerasse, em troca, Portugal como "a sua casa". "É gente parecida connosco. Que dá a mão com o coração", disse Chávez dos portugueses.O líder venezuelano disse ainda ter "ganas" de melhorar as relações económicas e políticas com Portugal, que estão "num nível muito abaixo do dos afectos". "Não há nenhuma razão para que se mantenham num nível tão baixo", concordou Sócrates.
Antes, ao som de Zeca Afonso e com slogans como "Viva a revolução bolivariana: sim à soberania não à ingerência", cerca de 200 manifestantes concentraram-se no aeroporto de Figo Maduro para receber Chávez.À chegada, o Presidente venezuelano voltou a comentar a polémica com o rei Juan Carlos, de Espanha, que, na última cimeira ibero-americana, em Santiago do Chile, não conseguiu calar um "por qué no te callas?" dirigido a Chávez, que insistia em epitetar o ex-chefe do Governo espanhol José María Aznar de "fascista".Garantindo que não tem qualquer conflito com Espanha, Chávez reafirmou que o rei "perdeu a paciência" e que lhe "tem de pedir desculpa".
E, em conferência de imprensa em Paris, onde esteve antes da escala em Lisboa, ironizou, citado pelo diário espanhol El Mundo: "Vamos sobrevoar a Zarzuela [residência dos reis de Espanha nos arredores de Madrid]. Espero que não disparem." Chávez disse ainda ter recebido telefonemas de Madrid para assinar um comunicado conjunto de reconciliação. E insistiu que não ouviu as palavras de Juan Carlos no exacto momento em que foram ditas. "Se tivesse ouvido, tinha-lhe atirado a coroa ao chão."
Fonte da notícia: PUBLICO PT
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