Hooked on gambling
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Uma investigação da Universidade Católica, encomendada pela Santa Casa, concluiu que os jogos de cartas, as apostas 'online' e as 'slots machines' são os mais viciantes, sendo os da Santa Casa jogados por mais gente
Há pelo menos 16 124 viciados em jogos a dinheiro em Portugal e mais de 400 mil jogadores de risco. A projecção é do estudo "Dependência do jogo em Portugal", apresentado ontem em Lisboa, e é calculada "por baixo". Mas o que preocupa os investigadores é o número de jovens que mostram sinais de dependência: 1 564 têm menos de 25 anos; e 8 741 têm entre 26 anos e 40.
Este "fenómeno de rejuvenescimento da classe dos jogadores" deve-se, segundo referiu o autor do estudo, Henrique Lopes, ao crescimento da oferta e acesso a jogos a dinheiro na internet. "Para o bem e para o mal a sociedade de informação chegou. Passar a jogar em euros é um pequeno passo", acrescentou. A psicóloga Zélia Teixeira contou ao DN que já tratou adolescentes com o vício do jogo, em que os desafios jogados em casa em frente ao computador, abriram a porta ao jogo real.
Segundo o estudo, encomendado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) à Universidade Católica de Lisboa, os jogos clandestinos de cartas, os jogos online e as slot machines são os que causam maior dependência. Por outro lado, estes jogos são jogados por uma minoria, enquanto os explorados pela Santa Casa, como o Euromilhões e o Totoloto, chegam a atrair milhões de pessoas.
"Há quem diga que as lotarias são como a cerveja e o jogo online é como crack", conclui Henrique Lopes. Para o investigador, o tempo de espera pelos resultados nos jogos da SCML funciona como um travão ao vício. "Os jogos rápidos são mais viciantes. Além disso, o facto de os da Santa Casa serem muito populares retira-lhes a exclusividade que agrada a alguns dependentes", explicou.
No entanto, quando o jogador fica viciado essa dependência acaba por ser transversal e o doente "joga muito de tudo o que lhe aparece", acrescenta. Uma observação confirmada por Zélia Teixeira, que se depara com situações destas no consultório. "Um doente dizia-me a propósito dos jogos da Santa Casa 'eu sei que vou perder, mas perco para uma causa justa'".
Entre os dependentes, segundo o estudo, quase um quarto já teve problemas profissionais e familiares devido ao vício. Cerca de 25% venderam mesmo património familiar e 18% recorreram a agiotas para conseguir dinheiro para jogar ou pagar dívidas de jogo. E a maior parte dos dependentes do jogo a dinheiro (80%) já tentou parar, mas não conseguiu.
Por isso, combater o vício do jogo deve passar pela prevenção, defende o investigador, citando o exemplo do Canadá, em que a estratégia passa até pelo ensino de regras básicas de matemática. "Ensinar o conceito de probabilidade na primária é muito eficaz", diz, porque há jogos em que a probabilidade de ganhar é praticamente igual para quem aposta e para quem não aposta.
Fonte: DNEtiquetas: jogo, Lotaria, Viciados